Título: Pragmático e defensor da unidade palestina
Autor: Daniela Kresch
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/02/2006, Internacional, p. A8

Um pragmático. Essa é a principal característica de Ismail Haniye, líder do Hamas escolhido ontem para ser o primeiro-ministro do novo governo palestino. Conhecido pela calma e pela vontade de preservar a unidade de seu povo, Haniye tem grande popularidade no Hamas e mantém boas relações com dirigentes dos diversos grupos palestinos.

Haniye, de 43 anos, foi líder da chapa do Hamas nas eleições legislativas de 25 de janeiro. Casado, pai de 11 filhos, é considerado o mais importante político da Faixa de Gaza, após os assassinatos por Israel do xeque Ahmed Yasin, de Abdelaziz Rantissi e Ismail Abu Chanab.

Ele escapou ileso de um fracassado ataque de setembro de 2003, contra o xeque Yasin. Um avião de combate israelense bombardeou a casa onde ambos estavam. Yasin, fundador e chefe espiritual do Hamas, foi assassinato em outra operação militar israelense em 2004.

Nascido no sul de Israel em um miserável acampamento de refugiados de Chatti, em Gaza, onde ainda vive, Haniye estudou em um estabelecimento financiado pela Agência da ONU de Ajuda a Refugiados Palestinos. Diplomou-se na Faculdade de Educação da Universidade Islâmica. Ele militou na ala estudantil da Irmandade Muçulmana, organização da qual surgiu o Hamas, antes de se tornar membro da União dos Estudantes Universitários, em 1983 e 1984.

Nos anos seguintes, Haniye assumiu a direção da Irmandade Muçulmana. No período, houve confrontos entre os integrantes do grupo e estudantes da facção Fatah, comandados por Mohammed Dahlan, ministro da atual administração palestina.

Haniye foi preso várias vezes por Israel durante a primeira intifada (levante palestino contra a ocupação israelense), em 1987. Dezoito dias no mesmo ano, seis meses no seguinte e três anos, a partir de 1989. Foi expulso por Israel durante seis meses para o sul do Líbano, em 17 de dezembro de 1992.