Título: Furlan pede paciência a empresários e diz que 'vêm aí 7 anos de vacas gordas'
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/02/2006, Economia & Negócios, p. B5

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, pediu paciência aos exportadores e previu ontem, em Diadema, tempos melhores, apesar queda dólar. "Teremos um período de sofrimento, mas, como dizia José do Egito, após sete anos de vacas magras, vêm sete anos de vacas gordas." Segundo ele, "há um conjunto de medidas que estão sendo articuladas e esperamos que haja uma acomodação da taxa de câmbio."

Os números da balança comercial de fevereiro são uma indicação para o mercado financeiro de que o dólar não vai cair para sempre, alertou. De acordo com Furlan, o ritmo de alta das exportações caiu em fevereiro e pela primeira vez haverá uma redução do saldo da balança comercial (de fevereiro em relação ao mesmo mês do ano passado). "A balança começa a sinalizar para o mercado que o câmbio tem um efeito preocupante e poderá ser modificado por condições de mercado. Isso deve mostrar aos agentes do mercado que fazem uma aposta permanente na queda do câmbio que a situação vai se modificar gradualmente."

Ele descartou a desoneração das importações como instrumento para conter a queda do dólar. "A desoneração das importações é desejável, só que estamos na finalização de uma negociação na OMC e não faria sentido o Brasil desonerar unilateralmente as importações, principalmente de produtos industriais, sem que negociasse uma contrapartida em áreas onde tem interesse."

Já o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, qualificou ontem de "problemático" o câmbio e acha que alguns setores poderão ter problemas, especialmente o exportador. Segundo ele, os dados já apontam perda de dinamismo. "Se o Brasil tivesse uma taxa de câmbio entre R$ 2,60 e R$ 2,70, as exportações teriam disparado."

Mantega disse acreditar que a valorização do real pode parar em pouco tempo. "O problema caminha para uma resolução, à medida que se tenha uma redução de juros e, simultaneamente, o aumento das importações."