Título: Exportações já perdem o fôlego
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/02/2006, Economia & Negócios, p. B5

O saldo positivo de US$ 1,605 bilhão na balança comercial nas três primeiras semanas de fevereiro trouxe um sinal de arrefecimento das exportações. Em um caso raro nos últimos quatro anos, o aumento da média diária de embarques de produtos brasileiros, de 4,1%, foi bem mais modesto do que o das importações, de 17,5%, na comparação com os dados de fevereiro de 2005.

Nas três primeiras semanas do mês, as exportações somaram US$ 5,830 bilhões; as compras de produtos estrangeiros, US$ 4,225 bilhões. Os números deixaram claro que o mês não terminaria com um superávit tão expressivo quanto o de fevereiro de 2005, quando totalizou US$ 2,776 bilhões, ou o de janeiro passado, de 2,844 bilhões.

Na semana passada, as exportações alcançaram US$ 2,162 bilhões e as importações, US$ 1,583 bilhão. O superávit do período foi de US$ 579 milhões e contribuiu para os resultados positivos acumulados até agora - de US$ 1,605 bilhão, nas três semanas de fevereiro, e de US$ 4,449 bilhões, desde 1º de janeiro deste ano, conforme os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

No ano, as exportações atingiram US$ 15,101 bilhões, cifra 12,7% superior a igual período de 2005, quando comparadas as médias diárias dos dois períodos. As importações somaram US$ 10,652 bilhões, volume 19,4% maior.

Nas três semanas de fevereiro, as exportações foram afetadas pelas quedas nos embarques de produtos básicos e de semimanufaturados, e também pelo aumento tímido nas vendas de manufaturas ao exterior.

A média diária de embarques foi de US$ 448,5 milhões. Influenciada principalmente pelo desempenho negativo dos setores de soja e de carnes, a média diária de vendas de produtos básicos caiu 5,1% em relação à de fevereiro do ano passado, e a de semimanufaturados diminuiu 0,4%.

As exportações de manufaturas cresceram 6,2%, favorecidas pelos desempenhos positivos dos setores de material de transportes (10,%) e de produtos eletroeletrônicos (10,2%). O crescimento não foi mais expressivo por causa das quedas nos embarques de produtos metalúrgicos (7,2%), de equipamentos mecânicos (2,6%), de têxteis (4,2%) e de suco de laranja (32,9%).

Favorecida pela taxa de câmbio e pelos sinais de recuperação da economia neste ano, a média diária de importações das três semanas de fevereiro, de US$ 325 milhões, foi 17,5% maior que a de igual mês de 2005.

O petróleo teve aumento de 21,5% na média diária de desembarques no período. Foi seguido pela ampliação das compras de equipamentos mecânicos (9,1%), de equipamentos elétricos e eletrônicos (25,9%).