Título: Petista contesta conclusões e diz que operações foram regulares
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/02/2006, Nacional, p. A4

Para contestar o relatório do deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), apresentou estudo da Secretaria de Previdência Complementar (SPC) mostrando que não foram apenas os nove fundos de pensão de estatais que aumentaram seus investimentos no Banco Rural e no BMG, em 2004. Segundo o documento, que não traz o nome das fundações, os fundos de pensão de empresas estaduais foram os que mais aplicaram, em 2004, nos dois bancos. Em seguida, vêm os fundos de pensão de empresas privadas e, por último, os fundos de estatais.

"Esse relatório do deputado ACM Neto é parcial e é uma tentativa de obter uma conclusão que não coincide com uma investigação mais ampla. Não há nenhuma relação dos fundos de pensão com o valerioduto. Isso não passa de uma ilação", afirmou Ideli. "Não acredito que fundos privados apliquem para ter prejuízo. Por isso, só posso concluir que houve vantagem de mercado para quem aplicou no BMG e no Rural nessa época", argumentou a petista.

A apresentação do estudo da SPC acirrou os ânimos entre os parlamentares que estavam na sessão da sub-relatoria de fundos de pensão da CPI dos Correios. "Causa surpresa que um estudo seja feito à revelia da CPI", disse ACM Neto. Ideli bateu boca com o pefelista. "Dizer que os saques das contas do Marcos Valério coincidem com o aumento das aplicações no Rural e no BMG é brincar com a nossa inteligência e tentar induzir a conclusões equivocadas algo tão sério", reagiu a senadora. "A senhora traz um gráfico aqui para tentar atrapalhar a lógica do nosso trabalho. Quero que a SPC faça um estudo levando em consideração o universo de 14 fundos que tiveram o sigilo quebrado pela CPI dos Correios", retrucou ACM Neto.

O deputado José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP), sub-relator de contratos da CPI dos Correios, também contestou a tese do pefelista de que os investimentos dos fundos de pensão compensaram os empréstimos de R$ 55 milhões a Valério. "Acho mais plausível que esses empréstimos tenham sido uma forma de internalizar recursos do exterior."