Título: PF procura empresário que teria dado propina em Furnas
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/02/2006, Nacional, p. A5

A Polícia Federal (PF) está tentando localizar o empresário Reinaldo Conrado, ex-sócio da construtora JP Engenharia, e intimá-lo para depor no inquérito sobre desvio de dinheiro público, corrupção e uso de caixa 2 na estatal Furnas Centrais Elétricas. Acusado de ter dado propina ao ex-diretor de Furnas Dimas Toledo, para garantir seus contratos com a estatal, Conrado estaria fora do País e até agora não atendeu aos apelos da PF, feito por meio de familiares e de advogados, para que se apresente.

O lobista Nilton Monteiro, contratado por Conrado para atuar junto a Furnas, entregou à Polícia Federal documentos comprovando que a construtora pagou R$ 700 mil de propina, a título de uma consultoria de fachada.

Nessa investigação, foram encontradas as primeiras evidências de que Dimas operava um esquema de cobrança de "pedágio" de construtoras e prestadoras de serviços. Parte do dinheiro seria usado para financiar campanhas eleitorais, via caixa 2.

O esquema, no qual estariam envolvidos três filhos de Dimas, consistia em induzir as empresas a contratar uma consultoria de fachada em escritórios indicados por ele, segundo apurou a polícia.

A ausência injustificada de Conrado está levando a PF a desconfiar que o empresário, em vez de achacado, possa ter sido conivente com o esquema em Furnas.

O deputado estadual Rogério Correia (PT-MG) disse ontem que apresentará à PF, à Controladoria-Geral da União (CGU) e ao Ministério Público, nos próximos dias, levantamento de diversos contratos sem licitação firmados por empresas fornecedoras com Furnas em datas próximas às eleições de 2002.

Correia, que afirma ter visto o original da lista de Furnas - supostamente mostrada por Monteiro -, acrescentou que diversas empresas relacionadas na lista tiveram seus contratos com a estatal aditados um pouco antes ou um pouco depois da eleição.

Ontem, por meio de sua assessoria, o deputado comunicou que outras empresas constantes da lista firmaram contrato com Furnas sem licitação, "transformando uma exceção em regra".

TUCANOS

A lista de Furnas, cuja autenticidade até agora não foi confirmada, relaciona o nome de 156 políticos, em sua maior parte do PFL e PSDB, que teriam recebido recursos de caixa 2 para as campanhas de 2002.

Monteiro, que entregou uma cópia autenticada dos papéis à PF, sustenta que a lista foi elaborada por Dimas. O ex-diretor de Furnas, porém, nega qualquer envolvimento.

Monteiro não foi localizado ontem para comentar a investigação da PF. As primeiras apurações indicam, no entanto, que Dimas operaria um esquema de "pedágio" na estatal.

A Polícia Federal investiga agora se os três filhos de Dimas estariam mesmo envolvidos com o esquema. Um deles, o deputado estadual Dimas Fabiano (PP), foi procurado ontem pela reportagem do Estado, mas não deu retorno aos pedidos de entrevista.