Título: Lula diz que fez mais que qualquer um pelos pobres
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/02/2006, Nacional, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou ontem uma viagem por seis municípios do Nordeste e um do Norte com discurso de candidato. Lula disse ser o presidente que mais fez pelos pobres na história do País. E, numa referência à disputa pela candidatura no PSDB, afirmou que os adversários podem brigar, mas ele tem de governar.

Nos dois discursos que fez em Juazeiro (BA) e em Petrolina (PE), ele usou 12 vezes a palavra "pobres" - o principal alvo de medidas recentes do governo, como a redução de impostos sobre material de construção. "Duvido que desde o dia em que o Brasil foi descoberto teve algum governo que cuidou mais dos pobres da Bahia do que nós estamos cuidando neste governo. Duvido", desafiou Lula, no pronunciamento que fez ao visitar obras da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), em Juazeiro. "Fazemos isso para provar que o que norteia a nossa cabeça não é a visão mesquinha ou pequena da disputa menor", prosseguiu Lula. "O que permeia a minha cabeça e a cabeça do meu governo é a visão republicana."

No palanque montado para a solenidade estavam o governador Paulo Souto e o prefeito de Juazeiro, Mizael Aguilar, ambos do PFL. "Nós não queremos saber de que credo religioso é o governador ou o prefeito, para que time ele torce", afirmou Lula. "Queremos saber que, independentemente de ter divergência entre presidente e governador, presidente e prefeito, o povo merece o respeito de todos os entes federativos."

Depois, o presidente seguiu para Petrolina, onde foi incentivado pelo prefeito Fernando Bezerra Coelho, do PSB, a assumir sua candidatura à reeleição. Coelho argumentou que o presidente "está muito novo para pendurar as chuteiras e precisa acabar o que começou".

Após a cerimônia, Lula insistiu em que não está preocupado com a disputa interna no PSDB pela candidatura. "A única coisa que peço a Deus e peço aos políticos é que quem quiser brigar que brigue, mas me permitam governar o País até o fim do meu mandato, porque tem muita coisa boa para acontecer para este povo do Brasil", disse.

Em Petrolina, Lula tirou fotos com boiadeiros, elogiou o "bodódromo" - concentração de restaurantes que servem bode - e lembrou sua origem nordestina. Afirmou que fez a vida em São Paulo, mas ressalvou: "Sou nordestino porque o sangue que corre na minha veia é de matuto do Nordeste."

Mais tarde, no Recife, Lula foi, de novo, tratado como candidato. O presidente da Infraero, Carlos Wilson (PT), ao fazer o anúncio de novos investimentos no Aeroporto dos Guararapes, disse esperar que as obras, que devem ficar prontas no ano que vem, possam ser entregues à população "por um certo presidente nordestino", olhando diretamente para Lula.

O prefeito João Paulo (PT) pediu votos para a reeleição. "Depois da gestão do presidente Lula, o Nordeste não é mais o mesmo. E por isso temos certeza de que o povo vai garantir, através do voto, a continuidade de seu trabalho", discursou.