Título: Para PFL, briga tucana ajuda petistas em SP
Autor: Marcelo de Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/02/2006, Nacional, p. A9

Dirigentes pefelistas avaliam que a disputa entre o governador Geraldo Alckmin e o prefeito José Serra pela vaga de candidato do PSDB à Presidência está prejudicando o partido em São Paulo, pois paralisou o processo de definição da candidatura ao governo estadual. Para o prefeito do Rio, César Maia (PFL), isso pode facilitar a vida dos adversários do PSDB na disputa pelo governo paulista - sob controle tucano desde 1995.

"Creio que o estressamento no PSDB pode até não prejudicar a candidatura presidencial, pois acaba produzindo mais exposição dos nomes. Mas vai afetar gravemente a candidatura do PSDB a governador", disse Maia. "O tempo está passando e são cinco pré-candidatos do PSDB. Nenhum com visibilidade. Vão entregar o governo de mão beijada à ex-prefeita Marta Suplicy (PT)." Diante desse cenário, Maia não descarta nem mesmo o crescimento de outros candidatos, além da ex-prefeita. Acha, por exemplo, que o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, que disputa com Marta a candidatura petista ao governo, e o ex-governador Orestes Quércia (PMDB) se beneficiam da indefinição tucana.

"Marta, Mercadante e Quércia partem com muito mais visibilidade do que os cinco pré-candidatos do PSDB: José Aníbal, Aloysio Nunes Ferreira, Paulo Renato Souza, Saulo de Castro Abreu Filho e Gabriel Chalita", analisou Maia. "E esses nem podem se expor porque a indefinição é total. Não terão tempo de fazer pré-campanha. Numa eleição competitiva a nível nacional os espaços na mídia para as eleições regionais diminuem, o que dificulta a exposição."

CRITÉRIO

No PSDB, líderes admitem que quem perder a disputa entre Serra e Alckmin pode ter o direito de indicar o candidato ao governo do Estado, como forma de compensação. Mas até esse critério ainda não está definido.

Apesar do cenário problemático, Maia não teme que o pré-candidato alijado da disputa se recuse a apoiar o escolhido pelo PSDB. Diferente de 2002, quando o atual presidente tucano, senador Tasso Jereissati (CE), preferiu apoiar Ciro Gomes, do PPS, no lugar de Serra.

"Quem perder abraça a candidatura de quem ganhar porque é questão de sobrevivência. Em 2002 era uma eleição perdida e não apoiar era não assumir a derrota", afirmou. "O PSDB não tem capilaridade nacional. Em 2004, excluindo São Paulo, o PSDB ficou em quarto lugar, longe de PMDB, PT e PFL. Se perder o governo federal e o de São Paulo, o partido vai minguar por falta de capilaridade. Eles sabem disso e por esta razão o derrotado fará tudo pela vitória do outro. No mínimo será ministro, se precisar."