Título: Com Morales, atuação na Bolívia passa a ser política
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/02/2006, Economia & Negócios, p. B5

Se a atuação da Petrobrás na Bolívia foi centrada em critérios técnicos no passado, daqui para a frente levará em conta também questões políticas. A nova equação foi apresentada no dia 15 pelo assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, ao relatar a visita a La Paz, na semana anterior. Garcia conversou com o presidente boliviano, Evo Morales, e acompanhou as negociações sobre a parceria entre a Petrobrás Bolívia, a maior companhia do país, e a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPFB).

"É óbvio que sempre há politização em discussões desse nível, ainda mais quando se trata de questões energéticas, que têm fortes implicações para a segurança econômica do nosso país e da região", disse Garcia.

Segundo Garcia, a aplicação da Lei de Hidrocarbonetos, que nacionalizou as jazidas do país e elevou a tributação sobre o setor gasopetroleiro desde o ano passado, não pode ser tratada separadamente dos projetos de novos investimentos de companhias brasileiras na Bolívia.

O assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se referiu apenas à Petrobrás, mas também às empresas do setor químico, que poderão vir a se interessar pelo antigo projeto de construção de um pólo gasoquímico na fronteira Brasil-Bolívia.

"É óbvio que eles (o governo boliviano) têm de levar em consideração a segurança institucional desses investimentos. Ninguém está jogando (dinheiro) pela janela", afirmou.

A Petrobrás Bolívia começou a operar em 1996 e consumiu investimento de US$ 1,5 bilhão até 2005 na exploração, produção e comercialização de gás natural, incluindo o gasoduto que permite o abastecimento do mercado brasileiro e também a operação de duas refinarias.