Título: Francesas revêem planos
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/02/2006, Economia & Negócios, p. B4

Saint-Gobain e Rhodia anunciam recuo na exportação

A Saint-Gobain, gigante francesa do mercado de materiais de construção - com unidades no Brasil dedicadas à produção de telhas de fibrocimento, vidro, placas de gesso e argamassas -, cancelou um investimento de US$ 20 milhões devido exclusivamente à incerteza com a evolução do câmbio. O recurso, que seria internalizado no ano passado, financiaria uma operação que seria destinada exclusivamente à exportação.

A empresa, que faturou no ano passado R$ 5,2 bilhões no País, preferiu não dizer em que exatamente iria aplicar os recursos. Informou apenas que pelos cálculos, precisaria de uma taxa de câmbio de R$ 2,60. Segundo Jean-Pierre Floris, presidente do grupo no Brasil, o momento levará a empresa a reduzir os esforços de exportação e se dedicar "com mais "ênfase" ao mercado interno. A exportação será mantida, sem muito entusiasmo.

A também francesa Rhodia decidiu rever a estratégia adotada no ano passado em relação à chamada plataforma de exportação. A companhia, cujo forte é a química de especialidade, elevou substancialmente as exportações em 2005. As vendas externas da operação brasileira cresceram 45% em relação a 2004, e atingiu a marca de US$ 233 milhões no ano passado - expansão muito maior que o faturamento da operação no Brasil, que evoluiu 25% e atingiu a cifra de US$ 935 milhões. Mas toda esta confiança na capacidade de o Brasil exportar arrefeceu em 2006.

Em visita ao Brasil na semana passada, o presidente mundial da Rhodia, Jean-Pierre Clamadieu, disse que a companhia será mais comedida este ano em relação às exportações. Disse que o grande crescimento em exportação do ano passado não será repetido em 2006. A situação chegou a influenciar na decisão de adiar o investimento na expansão da unidade de fenol, localizada em Paulínia, no interior de São Paulo.

O projeto previa a expansão de 180 mil para 230 mil toneladas por ano de fenol, matéria-prima básica para vários produtos da Rhodia, como náilon, produção de fibras e fios têxteis, fios industriais e plástico de engenharia. "Vamos aguardar uma situação melhor do mercado para fazer este investimento", disse Clamadieu.