Título: Mudança vai aumentar os lucros da Petrobrás
Autor: Fabíola Salvador e Leonardo Goy
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/02/2006, Economia & Negócios, p. B2

A Petrobrás será beneficiada diretamente com a redução da mistura de álcool anidro na gasolina, afirmou ontem o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa. A alteração na mistura, de 25% para 20%, diz ele, é "extremamente favorável" para o caixa da empresa, porque a gasolina negociada no mercado doméstico tem margem de lucro até 10% maior do que a exportada.

A diferença, segundo Barbassa, está nos custos com a exportação, entre eles o transporte, que reduz a margem de ganhos da companhia. Além disso, no mercado externo, a gasolina exige qualidade maior, o que aumenta os gastos com processamento de refino e reduz os ganhos da estatal.

A gasolina, que representa hoje 15% do faturamento da empresa (R$ 136,6 bilhões, de acordo com o balanço de 2005), segundo o diretor, é exportada em volume suficiente para propiciar a substituição do álcool "sem qualquer problema e com larga folga". Barbassa não quis estimar de quanto será o aumento nas vendas de gasolina com a alteração na mistura, mas especialistas afirmam que o cerca de 1,5 bilhão de litros de álcool que serão tirados de circulação este ano representam em torno de 10 milhões de barris anuais de óleo equivalente, ou um terço do volume de derivados exportados pelo país no ano passado.

Barbassa afirma ser inevitável um aumento no preço para o consumidor, que poderá ser compensado com o aumento do rendimento do carro. "Na prática, apesar de haver um aumento no preço do litro, o consumidor poderá rodar mais quilômetros com menos combustível."

Ele não vê perspectivas de mudanças no preço do barril de petróleo no mercado internacional no curto prazo. O mercado, afirmou, terá de "conviver com a atual volatilidade e estes patamares elevados por mais dois ou três anos. Apesar de ter havido um ganho com a valorização do real sobre o dólar, nossos preços estão absolutamente adequados ao mercado internacional."