Título: Isenção ajuda na queda da Selic
Autor: Lu Aiko Otta
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/02/2006, Economia & Negócios, p. B5

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, não descarta a possibilidade de a taxa de juros cair, como resultado da decisão do governo de isentar do Imposto de Renda os investimentos estrangeiros em títulos públicos.

Ontem, ao responder a uma pergunta do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre o efeito da medida na arrecadação federal, Meirelles respondeu: "Quando os juros caem, o governo economiza. É difícil garantir isso, mas, em princípio, não haverá perda de arrecadação".

Herique Meirelles não descartou também a possibilidade de a medida influenciar a taxa de câmbio, mas ele ressavou que não foi esse o objetivo do governo. Técnicos do governo esperam que a isenção ajude a reduzir a taxa de juros, pois ela traz mais compradores para os papéis da dívida do governo. O anúncio da isenção fez cair os juros futuros projetados pelo mercado.

Conforme publicou o Estado no domingo, integrantes da equipe econômica acham que, ao adotar a isenção do Imposto de Renda para os investidores estrangeiros em títulos públicos, o Tesouro Nacional pôs o BC "no córner", forçando a instituição a adotar a queda mais acentuada dos juros.

O presidente do BC, porém, evitou comentar se a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne em março, será influenciada pela queda dos juros no mercado futuro. "Uns podem achar que cada medida tem efeito diferente", comentou ele, frisando que o governo não buscou influenciar nem os juros nem o câmbio.

O objetivo, explicou o presidente do BC, foi facilitar a venda de papéis de longo prazo. O governo procurou ainda igualar o tratamento tributário dado a investidores de países que têm acordos com o Brasil, para evitar a bitributação.