Título: Cerveja importada ganha espaço
Autor: Andrea Vialli
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2006, Economia & Negócios, p. B16

Sabores diferentes conquistam o consumidor, atraindo a atenção de importadoras e de gigantes como a AmBev

No mercado brasileiro de cervejas, as do tipo pilsen (cervejas claras de baixa fermentação) reinam soberanas há anos. Mas, nos últimos três anos, vem crescendo o interesse por cervejas diferenciadas, como as do tipo ale (as de alta fermentação, muito comuns na Grã Bretanha e Irlanda) e weissbier (as de trigo, originárias da Alemanha).

A maior parte dessas cervejas é importada, mas a indústria brasileira também vem apostando nos segmentos premium e superpremium, que hoje respondem por 5,4% do mercado brasileiro. Em 2000, essa participação era de 2,3%, segundo dados do Instituto ACNielsen.

A Boxer do Brasil, empresa especializada na importação de seis marcas de cervejas do tipo ale - as inglesas Abbot, Old Speckled Hen, Newcastle Brown Ale, Greene King IPA, Ruddlles County e a francesa Kronenbourg 1664 - celebra um aumento nas vendas de 30% em 2005. "O mercado brasileiro está curioso para experimentar novas cervejas", explica Jeroen De Winter, gerente-geral da Boxer no Brasil. No ano passado, a empresa comercializou 10 mil litros de cerveja, incluindo latas e barris.

Atualmente as marcas importadas pela Boxer estão presentes em 250 pontos de venda, entre pubs, restaurantes e empórios. "Hoje, 60% das nossas vendas são para o varejo, e a intenção é entrar em grandes redes de supermercados", diz De Winter. Os produtos já estão presentes em lojas da rede Sonae, no sul do País.

Embora o superpremium seja um nicho focado em consumidores com alto poder aquisitivo - as cervejas custam de R$ 9 a R$ 16 a lata -, as perspectivas de crescimento são amplas e já seduzem grandes empresas do setor. "Temos muitas expectativas em relação ao Brasil, que praticamente só conhece cervejas pilsen", diz Michael Lamerton, diretor de exportação da Greene King Brewing Company, uma das maiores cervejarias inglesas, com faturamento de # 2,1 bilhões em 2005 . O executivo veio ao Brasil justamente para "perceber o potencial de mercado" para suas marcas.

MATURIDADE

A Bier&Wien, responsável pela importação de cinco marcas de cervejas alemãs superpremium - Erdinger, Warsteiner, Lõwenbr¿u, Spaten e Hofbr¿u München - aposta em um crescimento da ordem de 10% para 2006. "Há espaço para crescer. Vamos atrelar nosso marketing à Copa do Mundo, pois será um ano em que a cultura alemã estará em voga", diz Marcelo Stein, diretor-comercial da Bier&Wien.

A empresa tem 17 anos de mercado e importa as cervejas alemãs desde 1994. A Warsteiner foi a primeira aposta da empresa, mas a marca que mais se consolidou foi a cerveja de trigo Erdinger, hoje presente em 800 pontos de venda só em São Paulo e também nas principais redes varejistas, como Pão de Açúcar, Wal-Mart e Carrefour. "A Erdinger se adaptou bem ao gosto do brasileiro e quebrou vários paradigmas. Entre eles, que cerveja só se toma em copo pequeno e em temperaturas baixíssimas", diz Stein.

Ele não revela volumes, mas diz que 2004 foi o ano que mais se vendeu cervejas alemãs no Brasil, com um crescimento de 30%. Os próximos cinco anos,segundo ele, devem representar "a passagem da adolescência para a maturidade" do segmento superpremium no País.

Sensível a esse potencial de crescimento, a AmBev aposta nos nichos premium e superpremium com 13 marcas, como a linha Bohemia e o mais recente lançamento, a tradicional marca belga Stella Artois. Lançada em julho do ano passado, a cerveja já está presente em mais de 1,8 mil pontos de venda em São Paulo e será lançada no Rio de Janeiro nos próximos dias. "A resposta do consumidor tem sido acima das expectativas, o que nos instiga a continuar investindo em pesquisa e desenvolvimento de cervejas de alta qualidade", diz Andrea Fernandes, gerente de marketing de portfólio da AmBev. A empresa tem procurado atrelar o consumo de cervejas superpremium à gastronomia. "O papel do líder de mercado é difundir a cultura da cerveja", diz Andrea.