Título: De Rondônia para Paris, via Japão
Autor: Mariana Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2006, Economia & Negócios, p. B14

Carlos Ghosn virou personagem de mangá após recuperar a Nissan

Uma das maiores celebridades do mundo dos negócios, Carlos Ghosn, de 51 anos, mostrou ontem que não é homem de uma fórmula só. No lugar do fechamento de fábricas como fez com a Nissan em 1999, ele agora fala até em contratação para crescer. Ambiciosos planos trienais, como o Contrato 2009 lançado ontem, se tornaram uma característica emblemática de sua forma de administrar. E, desafiando os céticos, ele não só costuma cumpri-los, como freqüentemente atinge os objetivos antes do prazo.

Nascido em Rondônia e criado no Líbano e na França, Ghosn é o tipo (raro) de patrão que costuma dar autógrafos quando visita as fábricas. A história de como ele transformou a Nissan, que no final dos anos 90 era praticamente dada como morta, em uma das mais competitivas montadoras do mundo, está registrada em quadrinhos japoneses, os mangás, palco de super-heróis de causas fantásticas.

Engenheiro formado em Paris, ele entrou para o mundo empresarial como diretor de uma fábrica da Michelin em 1978. Pouco depois, voltaria ao Brasil para comandar as atividades da empresa na América no Sul. Foi ainda diretor da Michelin nos EUA, antes de entrar para o grupo Renault, como diretor-geral adjunto, em 1996. Passou por diversas áreas da empresa (foi diretor de Pesquisa, Engenharia e Desenvolvimento Automotivo, Produção, Mecânica e Compras), até assumir, em 1999, a direção geral da Nissan, que passava então a fazer parte do grupo francês. Em maio último, assumiu o posto máximo do grupo.