Título: Começam a faltar álcool e gasolina nos postos
Autor: LUIZ HENRIQUE TROVO, JOSÉ MARIA TOMAZELA, MARINA F
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/02/2006, Economia & Negócios, p. B5

Donos dos estabelecimentos reclamam que as entregas ou são canceladas ou chegam com volume inferior

A falta de álcool paralisou no sábado as bombas do posto de abastecimento do hipermercado Extra, o mais movimentado de Sorocaba. O posto já não tinha álcool no início da noite de sexta-feira. O produto chegou ainda na manhã de ontem, mas em volume menor que o pedido. O Posto Lopes, da diretora regional do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sincopetro), Ivanilde Vieira, também ficou sem álcool, mas recebeu uma remessa de manhã. Segundo ela, as distribuidoras estão racionando o combustível. Muitos estabelecimentos tiveram de recorrer a distribuidoras de outras bandeiras para não ficar sem álcool. "Não dá para prever por quanto tempo o consumidor ainda vai encontrar álcool", disse.

Nos 150 postos de Ribeirão Preto, sede da maior região produtora de etanol do País, o preço do álcool hidratado no atacado está subindo de R$ 1,26 para R$ 1,50. O consumidor, que ainda encontrar o litro do produto entre R$ 1,67 e R$ 1,69, irá pagar cerca de R$ 1,80 nesta última semana de fevereiro, segundo os donos de postos, que já estão recebendo o álcool com preço reajustado.

Na avaliação de Oswaldo Nunes Manaia, proprietário de dois postos, "o aumento é puramente conjuntural e os preços devem começar a despencar a partir do dia 20 de março, quando começa a safra antecipada da cana-de-açúcar na região".

Segundo Renê Carlos Abbad, presidente do escritório regional do Sincopetro, o consumo do álcool nas bombas aumentou 26,23% no ano passado, enquanto a produção cresceu cerca de 5%. "É preciso manter um estoque estratégico. As exportações prejudicaram o mercado interno. O governo deve priorizar nosso mercado e exportar apenas o excedente."

Com o carnaval e o impasse entre usineiros e distribuidoras, aumentou o consumo e o preço do combustível na maioria dos postos de Campinas. O Sindicato das Revendedoras de Combustível da cidade acusou a alta do preço do álcool recebido na sexta feira e sábado em R$ 0,10 e R$ 0,06 a gasolina. O sindicato critica a política dos usineiros e classifica como "jogo duro e desrespeito" a quebra do acordo firmado com o governo.

O sindicato não recebeu queixas de falta de álcool, mas acredita que os donos de postos já previam a procura. Extra-oficialmente, os revendedores ouviram rumores de problemas de estoque. As distribuidoras não trabalham aos domingos e os postos que não se adiantaram poderão receber o produto só depois de segunda-feira.

Em São Paulo, a reportagem do Estado visitou 8 postos na tarde de sábado, e em apenas 1 faltava combustível. "Pedi 10 mil litros de álcool, mas só me entregaram 5 mil e cancelaram a entrega de segunda-feira", afirmou Alexandre Lara, gerente do Posto Caetano Álvares , que opera sob bandeira Shell.

Segundo ele, o distribuidor também alega falta de gasolina, por causa do aumento que deve acontecer a partir do dia 1.º de março. "Já estou sem gasolina comum e a aditivada também deve acabar logo", disse. Os outros postos disseram ter recebido normalmente seus pedidos. O preço do litro do álcool variou de R$ 1, 57 a R$ 1, 89. Já o preço da gasolina comum estava entre R$ 2,29 e R$ 2,54.

Em Manaus, o preço da gasolina vai aumentar em até R$ 0,04. O aumento foi anunciado pelo presidente do sindicato do varejistas de combustíveis local, Luiz Felipe Pinto. "Aqui não vai faltar combustível e o reajuste é o reflexo da determinação do governo federal para que se altere a porcentagem do álcool anidro na composição da gasolina."