Título: Comissão de Ética vai ouvir comandante do Exército
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2006, Metrópole, p. C6

O comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, terá de explicar à Comissão de Ética do governo o que levou o Departamento de Aviação Civil (DAC) a interromper a decolagem de um avião da TAM para ele e a mulher embarcarem, no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, na Quarta-Feira de Cinzas. O caso será analisado pela comissão no dia 20.

A bordo, Albuquerque teve de dar a mesma explicação aos demais passageiros, segundo contou ontem a militares. O general ficou constrangido pelo fato de um casal ter sido retirado do avião. Diante de uma vaia, Albuquerque se levantou e disse que não tinha dado ordens para que o avião retornasse.

O general disse ainda que não chegou atrasado ao aeroporto. Explicou que um militar responsável pelo seu check-in chegou uma hora e dez minutos antes do embarque e foi informado de que a empresa vendeu mais bilhetes que a capacidade do avião (overbooking). Sua reserva já tinha sido feita havia 15 dias. O que Albuquerque não disse é que o militar responsável pelo check-in insistiu para que o general embarcasse. Sem nada conseguir, ele foi ao DAC. Lá, valeu o abuso de poder, contaram militares.

O presidente da República em exercício e ministro da Defesa, José Alencar, disse ontem em Porto Alegre que confia no comandante do Exército. "Não houve exigência do general. Ele é um democrata. É gente de bem", disse Alencar.

A colegas, o general demonstrou constrangimento e repúdio à atitude do subordinado. O Exército não se pronunciou sobre o caso. A TAM divulgou nota informando que o avião voltou por determinação da torre de controle e os passageiros foram consultados sobre a possibilidade de algum voluntário desistir do vôo, de acordo com procedimento previsto em termo de compromisso assinado pelas companhias aéreas junto ao Ministério Público e aprovado pelo DAC. Um casal aceitou a oferta da companhia, recebeu R$ 500 e viajou no dia seguinte.

O DAC divulgou nota em que afirma ter recebido solicitação "do passageiro Francisco de Albuquerque para que fossem tomadas providências quanto ao overbooking" e que agiu no sentido de resolver esse problema. Um fiscal do departamento entrou em contato com a TAM para coordenar os acertos, mas nesse período o avião iniciou processo preparatório de decolagem. O fiscal, segundo o DAC, pediu então que o avião retornasse para acertar o caso.

ARMA EM VÔO

Em Belo Horizonte, a Polícia Federal informou que vai abrir sindicância sobre incidente com o delegado Gustavo Souza Buquer dos Santos, da PF do Rio. No sábado, ele embarcou armado num vôo da TAM no Aeroporto Tom Jobim, no Rio, com destino a Maceió.

Mesmo flagrado pelo detector de metais, embarcou com a arma carregada. A PF em Minas foi acionada e, na escala em Belo Horizonte, ele foi abordado por agentes e desarmado - a arma disparou acidentalmente e atingiu de leve um policial.