Título: Quem mais emprega teve os piores desempenhos
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/02/2006, Economia & Negócios, p. B1

Dos 27 setores pesquisados pelo IBGE, 13 não tiveram motivo para comemorar o seu desempenho em 2005. Atingidos pelas políticas de juros elevados e câmbio desfavorável, esses setores registraram crescimento muito baixo e até declínio na produção. O mais afetado foi vestuário e acessórios, com queda de 4,6%, seguido de madeira (-4,5%), e calçados e artefatos de couro (-3,2%).

"Infelizmente esses setores estão entre os que mais empregam mão-de-obra", observa Júlio Sérgio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Não foi por acaso que o crescimento do emprego industrial no ano passado foi de 1,1% em relação a 2004.

Só o setor calçadista já fechou 30 mil postos de trabalho e ameaça fechar outras 30 mil vagas. "É um desastre. Estamos competindo em pé de desigualdade com a indústria chinesa", afirma Miguel Heitor Bettarello, presidente da Calçados Agabê. "Reduzimos a produção em 4% e não tivemos lucro nem prejuízo, empatamos", afirma Bettarello. Ele conta que as exportações da empresa tiveram queda de 12%, enquanto as vendas internas cresceram 8%.

No setor do vestuário, poucas empresas driblaram a concorrência dos estrangeiros. Entre elas está a Pasy Manufatura de Roupas e Lojas de Modas. "Graças a Deus estou um pouco fora do resultado do setor", diz Marcel Zelazni, presidente da empresa. A Pasy tem seis lojas próprias, sem tanta dependência de encomendas. A média de faturamento das lojas, antes de 45% da receita da empresa, subiu para 55%. Mas o faturamento global caiu 5%.