Título: País está sob suspeita
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Fonte: O Estado de São Paulo, 27/02/2006, Internacional, p. A7

DIREITO - Como membro da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que busca promover o uso pacífico da energia nuclear, o Irã tem o direito de dominar todo o processo nuclear. Está comprometido, porém, com o uso pacífico dessa tecnologia, pois é signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

SUSPEITAS - A desconfiança sobre o Irã aumentou em 2003, quando a AIEA comprovou que o país mantinha instalações nucleares secretas, descumprindo seu compromisso de permitir a inspeção de todas as suas atividades. Documentos aos quais a AIEA teve acesso indicam que o Irã buscou com outros países informações sobre produção de armas. Teerã nega e diz que só pretende produzir energia elétrica.

ACORDO - Sob pressão de americanos e europeus, o Irã concordou em 2004 em congelar seu programa de enriquecimento de urânio e negociar uma alternativa para não desenvolver esse processo. O urânio com baixo teor de enriquecimento é usado nas usinas de energia elétrica. A purificação elevada é necessária para o uso em armas. Embora o Irã esteja longe de dominar esse processo, os EUA querem impedir o país de prosseguir nas pesquisas.

IMPASSE - As negociações com os europeus estancaram no ano passado. O diálogo se tornou mais difícil depois da posse, em agosto, do presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad, que adotou um discurso ultranacionalista e antiocidente. Em janeiro, o Irã anunciou a retomada das pesquisas para o enriquecimento de urânio. A AIEA ameaça levar o país ao Conselho de Segurança da ONU, caso não desista. A reunião decisiva da AIEA será semana que vem.