Título: Cenário externo afeta dólar e bolsa
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2006, Economia & Negócios, p. B12

Sem o rotineiro leilão de compra do Banco Central, o dólar fechou nas cotações máximas do dia, em alta de 1,42%, para R$ 2,142, no balcão, e de 1,33%, para R$ 2,139, na roda da BM&F, enquanto o paralelo avançou 0,13%, para R$ 2,26. O motivo foi o avanço dos juros pagos pelos títulos do Tesouro americano. O Ibovespa caiu 2,26%, os juros futuros projetaram alta, o risco país subiu 1,83%, para 222 pontos, e o A-Bond perdeu 0,65%, vendido com ágio de 10,65%.

No mercado futuro, os seis contratos de dólar projetaram alta. A expectativa de que o Copom cortará a taxa Selic nesta semana entre 0,75 ponto e 1 ponto porcentual também estimulou os ajustes de posições em câmbio. A pressão política do PT para que o Banco Central acelere o ritmo de queda do juro básico não é bem vista pelo mercado, mas teve efeito limitado sobre a formação de preço. O fluxo cambial foi positivo e absorvido pelas tesourarias de bancos, já que o BC não fez leilão de compra. Comenta-se que o BC já está ativo em dívida cambial interna e externa, e por isso tem espaço para comprar dólares somente quando a taxa lhe for favorável.

A Bovespa teve um comportamento morno, aguardando o resultado da reunião do Copom. Com a alta dos juros dos Treasuries e a queda nas Bolsas de Nova York (o Dow Jones recuou 0,57%, a Nasdaq 0,72% e o S&P 500, 0,70%), o mercado doméstico acabou realizando lucros. O movimento financeiro ficou em R$ 1,981 bilhão.

"A Bolsa caiu com medo dos juros americanos", comentou um operador. A preocupação é que os juros mais altos nos EUA poderão inibir o ingresso de capital externo na Bovespa. E os juros poderão subir lá fora justamente num momento em que a tendência dos juros domésticos é de queda.

Dos papéis que compõem o Ibovespa, só cinco subiram. A maior alta foi de Eletropaulo PN (1,42%).