Título: Conselho de Ética absolve Pedro Henry
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2006, Nacional, p. A7

Relator denunciou acordão entre PT, PP, PSDB e PFL depois que o parecer pela cassação foi derrotado por 9 a 5

Acusado de operar o esquema do mensalão para integrar o PP à base de apoio do governo, o ex-líder do partido na Câmara Pedro Henry (MT) foi absolvido ontem no Conselho de Ética. O relator Orlando Fantazzini (PSOL-SP), que pediu a cassação de Henry e teve seu parecer rejeitado por 9 a 5, atribuiu a derrota a um "acordão" entre PT, PP, PSDB e PFL.

"Há uma aliança em curso entre esses partidos para que seus deputados processados no conselho escapem da cassação no plenário", acusou Fantazzini. "Só não imaginava que o acordão se concretizaria no voto aberto no conselho, já que no plenário o voto é secreto", completou, ao lembrar que também estão em jogo interesses políticos e eleitorais nos Estados.

Entre os motivos que teriam levado à aliança dos quatro partidos Fantazzini citou a lista de Furnas, onde constam 156 parlamentares supostamente envolvidos em irregularidades de caixa 2 de campanha. "É forte a pressão das direções partidárias para que seus representantes no conselho rejeitem a cassação de parlamentares dessas quatro legendas", concordou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). Diante da recusa do parecer, o presidente do conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), escolheu o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que se manifestara contra a cassação, para ser o relator substituto do processo. Sampaio tem prazo de duas sessões para apresentar seu parecer em favor da absolvição de Henry. Só depois de o plenário do conselho aprovar o parecer em favor do acusado é que o novo relatório será votado pela Câmara, que dará a palavra final.

MAGNO

Também no conselho, um pedido de vista da deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) adiou por duas sessões a votação no Conselho de Ética do relatório de Jairo Carneiro (PFL-BA), que recomenda a cassação do deputado João Magno (PT-MG). O parlamentar é acusado de ter recebido R$ 426 mil do valerioduto.

Segundo Carneiro, cabia a João Magno indagar o papel das empresas de Marcos Valério Fernandes de Souza na transferência do dinheiro. "E também declará-las como fonte dos recursos em questão na Justiça Eleitoral."

"O processo é de uma hipocrisia muito grande. Não é justo que se faça de um ou dois deputados bois de piranha. Se os costumes políticos hoje praticados continuarem, de nada valeu o sangramento político aqui na Câmara dos Deputados", alegou Magno.

O processo deve ser votado pelo Conselho de Ética na próxima semana.