Título: Bernardo acusa tucano de forjar denúncia contra ele
Autor: Fabio Graner, Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2006, Nacional, p. A6

Ministro diz que depoimento da ex-assessora Soraya Garcia é vingança de Luiz Carlos Hauly, que teria pedido dinheiro para apoiar PT em 2004

Acusado de ter participado de um esquema de caixa 2 na campanha eleitoral de Londrina (PR), em 2004, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, foi ao ataque: segundo ele, as denúncias feitas pela ex-assessora financeira da campanha petista na cidade, Soraya Garcia, estão sendo "instrumentalizadas" por seu adversário político na região, o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR).

Bernardo afirmou que a suposta atuação de Hauly seria motivada por um pedido - não atendido - de R$ 500 mil em troca de apoio, no segundo turno da eleição daquele ano, ao candidato do PT, Nedson Micheletti. Naquele pleito, Hauly ficou em terceiro lugar e, de acordo com Bernardo, negociou pessoalmente a "venda" de seu apoio. O pagamento seria feito em duas parcelas de R$ 250 mil, uma antes e outra depois da campanha.

Segundo o ministro, a oferta foi recusada porque a campanha do PT não tinha dinheiro e também porque não considerava a prática correta. Bernardo destacou que a proposta feita por Hauly não incluía o PSDB, pois boa parte dos tucanos já apoiava o candidato petista. O ministro estranhou que, decidida a convocação de Soraya Garcia pela CPI dos Bingos, ela tenha sido chamada para depor logo no dia seguinte. "Parece que estava tudo acertado, inclusive com as passagens compradas", disse.

REAÇÃO

"Eles me procuraram para apoiar Nedson Micheletti, nosso partido apoiar. Decidi com o partido que não apoiaria porque o PT fez um governo corrupto. A partir daí, são ilações", replicou Hauly.

Bernardo refutou com vigor as acusações de Soraya e disse que nem sequer a conhecia. "Não conheço essa senhora. Acredito que ela está sendo instrumentalizada pelo deputado Luiz Carlos Hauly. Diante da insistência dela em fazer essa denúncia, a única alternativa que resta é um processo", afirmou o deputado, que se ofereceu a ir para a CPI.