Título: Dez municípios brasileiros concentram 25% do PIB
Autor: Sonia Racy
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/02/2006, Economia & Negócios, p. B2

Os brasileiros são bombardeados, diariamente, por informações contraditórias sobre a renda no País. Afinal, estamos evoluindo? O Brasil está conseguindo promover uma melhor distribuição de renda? Difícil saber com certeza. A construção da Transamazônica, na época dos militares, visava a melhorar a ocupação territorial. A Constituição de 88 tinha, entre seus objetivos, melhorar a iniqüidade da renda. Os governos brasileiros, sem exceção, falam nisso sucessivamente e montam programas para tanto. Pelo jeito, pouco avançamos. Dados do IBGE vêm ajudar neste exercício.

Em dezembro, o instituto divulgou enorme análise sobre o PIB dos municípios brasileiros. A base dos dados não é tão nova, de 2003, mas serve para dar uma idéia. O que se vê nesta "tomografia" sugere que ainda é grande a concentração de riqueza por aqui: apenas 10 municípios - dos mais de 5 mil no País - que abrigam 15% da população concentram 25% do PIB nacional. Pela ordem de importância: São Paulo, Rio, Brasília, Manaus, Belo Horizonte, Campos dos Goytacazes, Guarulhos, Curitiba, Duque de Caxias e Porto Alegre. Isto significa, por exemplo, que Cesar Maia comanda um PIB 55% menor que José Serra e Joaquim Roriz, de Brasília, administra um PIB equivalente a 23% do paulista. O lado positivo é que em 99 eram apenas 7 as cidades que agregavam 25% do PIB.

Já os dados do PIB per capita mostram a importância do petróleo. Das 10 cidades com o maior PIB per capita, 8 devem sua posição ou a refinarias ou a royalties pela exploração de petróleo e gás em suas terras: São Francisco do Conde, na Bahia, é a campeã, com algo como R$ 32 mil, seguida por Triunfo (RS), Quissamã (RJ), Paulínia (SP), Carapebus (RJ), Rio das Ostras (RJ), Armação de Búzios (RJ) e Macaé (RJ). É importante notar que, com exceção de Macaé, todas as outras conjugam alto faturamento com baixa concentração populacional. Entre as capitais dos Estados, Vitória ocupa o primeiro lugar, com mais de R$ 26 mil per capita por causa da Vale do Rio Doce. Portanto, ao atrair uma nova indústria, o município ganha renda: caminho a ser melhor explorado pelos prefeitos.