Título: Presidente beneficia eleitorado mais fiel
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/2006, Nacional, p. A4

Maioria que aprova governo tem renda entre 1 e 10 salários mínimos

Um eleitorado capaz de decidir qualquer eleição, as classes C e D têm sido bem tratadas no governo Lula. E o resultado já pôde ser visto. Na última pesquisa sobre o índice de satisfação do cidadão, feita pela CNT/Sensus, a maioria dos que consideraram o governo ótimo, bom ou regular estava entre os que têm renda entre 1 e 10 salários mínimos. E, quando os eleitores foram indagados por que defendiam a reeleição do presidente, 40,9% disseram que ele "cuidou dos mais pobres".

Na primeira quinzena de fevereiro, o governo assinou decreto que zerou ou reduziu de 12% para 5% a alíquota de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para produtos essenciais à construção civil.

Ao anunciar a assinatura do decreto, Lula não se conteve: "A construção civil ganha com a redução de impostos, mas sobretudo o povo, que gosta de produtos de qualidade". O presidente anunciou ainda a liberação, somente em 2006, de R$ 18,7 bilhões para o financiamento do setor.

"Não sei se o governo conseguirá resultados eleitorais imediatos com as medidas", diz o secretário-geral do PT, Raul Pont, da ala mais à esquerda do partido. "Mas as medidas que beneficiam a população mais pobre, como o salário mínimo, que teve reajuste significativo no ano passado e agora, são necessárias. Porque o problema do País é uma enorme desigualdade social que tem de ser revertida." Para ele, o governo não deve recuar de sua intenção de ajudar os mais pobres só porque este ano é eleitoral. "Importante é tomar as medidas. Estimular a construção civil, grande geradora de emprego, e resolver o grande déficit de moradias no País." Mas Pont quer mais. "Acho que deveria haver também garantia de crédito aos municípios, porque os financiamentos feitos com a Caixa acabam sempre destinados à classe média e às pessoas de alto poder aquisitivo."

PROPAGANDA

Também com vistas ao voto dos eleitores das classes C e D, o governo pretende aumentar a propaganda sobre suas obras. E não virá apenas da administração central. Os programas do PL, por exemplo, deixaram de lado a parte institucional e centraram-se na figura do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que, com o presidente Lula, fala da operação tapa-buraco nas rodovias federais.

A Petrobrás prepara para este mês uma grande campanha publicitária para anunciar que o País alcançou a auto-suficiência na produção de petróleo. Duas agências de publicidade já foram contratadas para fazer a campanha, que será lançada quando entrar em operação a plataforma P-50, no Rio. Na avaliação do governo, isso vai aumentar muito a auto-estima dos brasileiros, principalmente dos mais pobres.