Título: Produtores de cimento esperam o fim da ociosidade
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/02/2006, Economia & Negócios, p. B4

O setor de cimento, que hoje trabalha com capacidade ociosa acima de 45%, espera crescimento de 5% no consumo este ano. Segundo o secretário-executivo do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), José Otavio Carneiro de Carvalho, ainda é cedo para avaliar o efeito do pacote do governo na construção civil. Espera, contudo, que as medidas tragam alento para o setor.

A projeção para este ano leva em conta o crescimento maior da economia, além das medidas para o setor imobiliário anunciadas em 2005. Carvalho avaliou também que o efeito do crédito sobre a construção civil é maior que o da redução do IPI de alguns produtos.

"O bom disso é o governo estar consciente de que precisa criar condições para (desenvolver) esse segmento, que durante tanto tempo ficou para trás, pela importância que tem em termos de geração de emprego", comentou.

Os números do setor em 2005 não estão fechados, mas o crescimento deve girar em torno de 3,5%. Esse resultado está dentro do esperado, em razão da desaceleração da atividade econômica. O consumo deverá ficar em torno de 35 milhões de toneladas. O número está longe do de 1999, quando o consumo aparente foi de 40,2 milhões. O consumo em 2005 foi 12% menor que o daquele ano.

Carvalho conta que, em termos de consumo, "andamos para trás em relação ao mundo". Entre 1998 e 2005, o consumo de cimento no mundo avançou 40% e encolheu no Brasil. O País caiu da sexta para a nona posição no ranking mundial de consumo.

Já as exportações de cimento bateram recorde em 2005. O volume exportado cresceu 60%, para 900 mil toneladas, ante 551 mil toneladas em 2004. O peso da exportação na produção ficou em 2,5%, a maior taxa desde 1950. Em 2004, a exportação equivalia a 1,6% da produção. Segundo Carvalho, esses resultados foram "excepcionais". Ele avalia que o Brasil tem "custos competitivos e o menor preço do continente americano".