Título: Marinha avalia compra de submarino convencional
Autor: Roberto Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/02/2006, Nacional, p. A13

O Comando da Marinha está considerando a compra direta no exterior de pelo menos um, e talvez dois, submarinos convencionais para manter em estado operacional a frota de patrulha armada da força naval. Em outubro de 2005 foi suspenso por falta de recursos um programa que previa a construção, no Arsenal do Rio, de duas a seis embarcações de projeto nacional SMB-10, com 2.500 toneladas de deslocamento.

O plano alternativo vem sendo estudado pelo Comando há mais de um ano. Em 21 de janeiro de 2005, dois fornecedores internacionais foram convidados a apresentar suas propostas. O consórcio franco-espanhol DCN-Navantia apresentou o modelo Scorpéne e o estaleiro alemão HDW, o U-214. A faixa média de preço para negociações é estimada, nos dois casos, em US$ 440 milhões.

A documentação foi entregue quatro meses depois, em maio. A decisão da Marinha é esperada para junho. São duas linhas diversas.

A cooperação alemã resultou na produção de quatro submarinos da classe Tupi, três dos quais executados no Arsenal, com transferência de tecnologia. O quinto foi transformado em uma nova categoria, a Tikuna, levemente maior, cuja ficha de especificações foi modificada por técnicos brasileiros. Especialistas consideram que esse conhecimento e os 23 anos de relacionamento binacional não facilitaram o acesso ao objetivo da Marinha, o domínio dos procedimentos para construção de submarinos de propulsão nuclear.

A oferta francesa é sustentada pelo conceito do Scorpéne, navio desenvolvido com base na tecnologia dos submersíveis atômicos da França em uma espécie de engenharia reversa. O Chile comprou duas unidades e já recebeu a primeira,o O'Higgins.

Os dois tem deslocamento equivalente, na faixa entre 1,7 mil e 2 mil toneladas, e 31 a 37 tripulantes. Disparam torpedos inteligentes como os Mk-48, dos quais a Marinha acaba de comprar 30 por US$ 60 milhões. A mercadoria da França leva a vantagem de estar coberta por um amplo acordo de transferência de tecnologia firmado em julho pelos presidentes Lula e Jacques Chirac.