Título: Deputado do PT mineiro confirma que viu lista do caixa 2 de estatal
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/02/2006, Nacional, p. A4

O deputado estadual Rogério Correia, do PT de Minas, manuseou a suposta lista de beneficiários do caixa 2 de Furnas. O documento teria sido levado em setembro ao seu gabinete na Assembléia Legislativa pelo lobista Nilton Monteiro.

Dias antes, Correia tentara, sem sucesso, abrir uma CPI na Assembléia para investigar a relação entre as agências de publicidade DNA e SMPB, do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, e empresas estatais mineiras. Ao verificar as informações da lista, ele passou a apurar sua veracidade. A autenticidade do documento ainda está em dúvida.

Monteiro foi quem denunciou a existência de caixa 2 na campanha de 1998 do hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB), que tentava reeleger-se ao governo de Minas Gerais. Rogério Correia disse que ficou surpreso com as informações a respeito dessa campanha. "O documento trazia o nome do ex-governador, atestando uso de caixa 2 na sua campanha. Então, por outras fontes, vi que as informações batiam", contou. "Não tenho dúvidas, Furnas trabalhava para fazer caixa 2."

Ele explicou que entregou cópias da lista aos Ministérios Públicos Estadual e Federal e à Polícia Federal para que fizessem uma investigação. Correia disse ainda não ter nenhum tipo de ligação com o lobista, que teria sido levado ao seu gabinete por um intermediário.

Ontem, ele enviou uma carta ao secretário-geral do PSDB, deputado Eduardo Paes (RJ), confirmando ter visto o original da lista. Era uma resposta a Paes, que é da CPI dos Correios e manifestou intenção de processá-lo por supostamente ter divulgado o documento.

Na carta, Correia sugere que Paes solicite ao relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que marque logo a data do depoimento do lobista Monteiro, uma vez que ele tem afirmado que entregará a lista de nomes original. "Isso parece ser mais uma tentativa de inibir a apuração dos fatos sobre Furnas. E isso é inadmissível", completou.