Título: Emprego industrial cresceu só 1,1%
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/02/2006, Economia & Negócios, p. B6

Segundo o IBGE, massa salarial aumentou 3,4%; nos dois casos, resultados foram bem piores que os de 2004

O mercado de trabalho industrial fechou o ano em marcha lenta, no rastro da perda de ritmo da produção no segundo semestre. Apesar da queda em todas as bases de comparação em dezembro, o emprego na indústria acumulou alta de 1,1% em 2005, resultado inferior aos 1,8% de 2004. A massa salarial do setor subiu 3,4% no ano passado, quase um terço dos 9,7% de 2004.

O emprego e a renda dos trabalhadores industriais sofreram no ano passado com a base de comparação elevada do ano anterior, mas também com a perda de vigor da produção ao longo do ano, especialmente no terceiro trimestre.

Mas o mercado de trabalho beneficiou-se de setores exportadores ou vinculados ao crédito. A queda na inflação e o aumento no número de ocupados garantiram o crescimento da massa salarial.

Em dezembro, a ocupação na indústria caiu 0,2% ante novembro e 0,8% ante igual mês de 2004. Denise Cordovil, da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), disse que tradicionalmente os dados de dezembro são os mais fracos para o emprego industrial no ano.

Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), em documento de análise da pesquisa, "o atual quadro do setor é de retração do emprego".

Segundo a instituição, "por mais que se queira tratar de outros temas da economia brasileira, é impossível não mencionar as taxas de juros muito altas e a grande valorização do real como as principais causas do processo de retração industrial que ocorre no Brasil e condiciona esses resultados do emprego no setor".

Sobre o desempenho acumulado no ano passado, diz Denise, os dados mostram que o primeiro semestre garantiu o crescimento no emprego no ano.

Na comparação com iguais trimestres de 2004, o aumento na produção passou de 2,6% no primeiro trimestre para 2% no segundo, de 0,4% no terceiro e -0,7% no último.

Ela explica que o emprego responde com alguma defasagem aos movimentos da produção e, no primeiro semestre, o mercado de trabalho industrial ainda refletia o vigor da atividade em 2004. No acumulado do ano passado, a produção industrial cresceu 3,1%, bem menos que em 2004 (8,3%).

Segundo Denise, também em linha com os resultados da produção do setor, os segmentos que mais puxaram o emprego industrial em 2005 estiveram vinculados às exportações (como alimentos e bebidas, com expansão de 7,1%) ou ao crédito (duráveis, como meios de transporte, 9%).

Entre os locais pesquisados, São Paulo, com alta de 2,3% no emprego industrial, registrou a maior contribuição para a média nacional.