Título: UE impõe maior controle à carne brasileira
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/02/2006, Economia & Negócios, p. B5

Bloco vai exigir, entre outras medidas, certificação mais rigorosa de produtos de regiões sem registro de aftosa

A União Européia (UE) anunciou ontem medidas mais rigorosas no controle de importação da carne bovina brasileira. No mesmo dia, os europeus decidiram também embargar a compra de carne da região argentina afetada por um foco de febre aftosa. O Comitê Permanente da Cadeia Alimentar da UE aprovou a exigência de maiores requisitos de certificação para os envios de carne bovina desossada e maturada das regiões brasileiras que atualmente podem exportar o produto aos países da comunidade, informou a União Européia em comunicado.

A Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura não tinha, até a noite de ontem, informação oficial, mas soube, por meio de agências internacionais, que as cargas de carne bovina desossada e maturada do Brasil deverão ser acompanhadas de documentação completa comprovando a vacinação contra aftosa. Além disso, os europeus vão exigir o cumprimento de regras de rastreabilidade e manterá a proibição de envio de carne procedente de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, onde foram registrados focos de aftosa.

Acredita-se que os novos requisitos para importação sejam resultado da visita feita por veterinários europeus ao Brasil entre o final de janeiro e o início deste mês. Os técnicos europeus vistoriaram frigoríficos, fazendas e laboratórios em todo o País, com destaque para Paraná e Mato Grosso do Sul. Eles avaliaram as medidas sanitárias para conter os focos de aftosa e criticaram a demora do Brasil em concluir o diagnóstico para o rebanho paranaense.

EXIGÊNCIAS

Segundo a Comissão Européia (braço executivo da UE), houve "progressos consideráveis" nas medidas de acompanhamento da carne em algumas regiões. Em outras, porém, é necessário melhorar as atuações de prevenção à aftosa. A decisão comunicada ontem pela UE endurece os requisitos para certificar as exportações brasileiras, concretamente para credenciar a vacinação, o controle e os contatos dos animais.

O presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, afirmou ser possível cumprir a determinação da União Européia. "Acho que o Brasil pode cumprir perfeitamente o que está sendo pedido." No entanto, Nogueira estranhou a exigência em relação aos comprovantes de vacinação. "Quando eles concluíram a visita, eles não falaram sobre esse assunto", comentou.

Com relação à Argentina foi decidida a interrupção total das importações de carne bovina desossada e maturada de oito departamentos da Província de Corrientes. A proibição será aplicada aos animais abatidos depois de 4 de fevereiro, data em que os focos suspeitos da doença foram notificados.