Título: EUA diferenciam casos nucleares brasileiro e iraniano
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/02/2006, Internacional, p. A12

Porta-voz da Casa Branca destaca que programa do Irã não cumpre obrigações internacionais

Na primeira declaração pública da Casa Branca sobre o assunto, o porta-voz Scott McClellan reiterou esta semana que o governo Bush não vê as atividades de enriquecimento de urânio do Brasil um problema para a não-proliferação e destacou a diferença entre os programas nucleares do Brasil e do Irã. "A diferença, se você estiver falando de Brasil versus Irã, é de confiança", disse McClellan.

A declaração foi feita na segunda-feira em resposta a uma pergunta de sua entrevista coletiva diária. A pergunta baseou-se num artigo do Los Angeles Times do fim de semana, segundo o qual enquanto o mundo preocupa-se com os programas nucleares da Coréia do Norte e do Irã o Brasil estaria prestes a iniciar a produção de "grandes quantidades de urânio enriquecido, o suficiente para suas duas usinas nucleares e para uma terceira e também para fazer bombas e exportar. Na realidade, o Brasil está ativando o primeiro de quatro módulos de umas das cascatas de centrífugas de Resende(Rio) e não deve atingir uma produção em escala para abastecer os reatores de Angra dos Reis em menos de dez anos.

McClellan disse que não havia lido o artigo o artigo e traçou a diferença entre os programas brasileiro e iraniano, enfatizando a resistência de Teerã em cumprir com as obrigações internacionais que assumiu. "O Irã mostrou que não é confiável no que diz respeito a tecnologia nuclear, pois escondeu suas atividades durante duas décadas", afirmou o porta-voz. "Eles (os iranianos) falharam no cumprimento de suas obrigações internacionais; e esse é um regime que continua a desafiar , por ações e palavras, as demandas da comunidade internacional. O regime no Irã sabe o que precisa fazer mas, até agora, escolheu o desdém e a confrontação em lugar da cooperação e da diplomacia", disse McClellan.

O repórter perguntou sobre a preocupação de especialistas em não-proliferação sobre a ambição brasileira de se tornar um poder nuclear, construir e vender combustível para bombas atômicas. "Bem, é para isso que há obrigações de salvaguardas; é por isso que o presidente (George W.) Bush propôs uma iniciativa para tratar de algumas dessas questões de proliferação de uma forma melhor do que vêm sendo tratadas atualmente", disse McClellan.