Título: Para Serra, Lula descumpre lei
Autor: Clarissa Oliveira
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/02/2006, Nacional, p. A7

Prefeito diz que dever do presidente é 'coibir abusos e punir culpados' e não filosofar sobre os erros humanos

Um dos presidenciáveis do PSDB, o prefeito de São Paulo, José Serra, tentou manter ontem o comportamento dos últimos dias, esquivando-se dos temas ligados à política nacional. Porém, em mais uma agenda típica de candidato, na zona leste, região mais populosa da capital paulista, o prefeito não se conteve, e decidiu rebater, com ironia, as declarações feitas na terça-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que "errar é humano".

"Errar é humano, mas a impunidade é desumana", afirmou o prefeito, acrescentando que é dever do presidente da República atuar "para coibir abusos e punir culpados, e não ficar absolvendo". Em seguida, emendou: "A absolvição é divina. O presidente da República tem que fazer cumprir a lei, investigar e combater as coisas, e não filosofar inutilmente, como é feito no caso."

Foi tudo o que o presidenciável tucano disse ontem sobre política. O comentário mais esperado pelos jornalistas - uma avaliação sobre a pesquisa CNT/Sensus divulgada anteontem, na qual Lula o ultrapassa e fica 10 pontos à frente - não aconteceu. O prefeito também evitou falar sobre o encontro que será realizado hoje entre as principais lideranças do PSDB.

RETA FINAL

"É um encontro para discutir desenvolvimento, inflação e taxa de juros, e virão várias pessoas", desconversou o prefeito. "É o que eu tenho a dizer, não há nada de especial nesta data."

De fato, o encontro que o Instituto Teotônio Vilela promove hoje, em São Paulo, tem como tema central "A Política Monetária e o Crescimento Econômico no Brasil". Mas a presença dos principais caciques tucanos, entre eles o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati, e o governador de Minas, Aécio Neves, e o encontro deles com Serra e Alckmin, servirá para afunilar as discussões sobre a escolha do candidato do partido para disputar a sucessão de Lula.

A escolha do presidenciável tucano está prevista para o início do próximo mês. "Impossível adiar mais", resumiu um tucano.