Título: Fox é aprovado por 64% dos mexicanos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2006, Internacional, p. A12

Apesar das críticas, presidente chega ao final do mandato com apenas um ponto a menos do que no início do governo

CIDADE DO MÉXICO

O presidente mexicano, Vicente Fox, aparece com altos índices de aprovação em seu último ano de governo, segundo pesquisa divulgada ontem pelo jornal La Reforma. Fox é aprovado por 64% das pessoas ouvidas, apenas um ponto abaixo do número registrado logo após a posse em 2001. O resultado da pesquisa não deixa de ser surpreendente. Há cinco anos, Fox quebrou mais de sete décadas de hegemonia do Partido Revolucionário Institucional (PRI) e provocou uma onda de otimismo na sociedade mexicana com seu slogan de campanha cambio (mudança). Desde a posse, no entanto, Fox não conseguiu colocar em prática pontos importantes de seu plano de governo em áreas tão distintas quanto educação e energia. Acumulou derrota atrás de derrota no Congresso e passou a ser descrito como uma espécie de Lech Walesa mexicano (uma alusão ao dirigente polonês que levou seu país à democracia, mas era considerado um político fraco).

Uma das qualidades apontadas pelos eleitores para elogiar Fox é a honestidade. Isso mesmo depois de ele ter sido alvo de críticas da oposição nas últimas semanas por difundir propagandas do governo em plena época de campanha e por defender os filhos de sua esposa, acusados de terem sido beneficiados em negócios particulares. Outros itens elogiados pelos mexicanos foram o combate à pobreza e a condução da economia. O preço alto do petróleo, responsável por um terço das receitas do Estado, tem sido crucial para a recuperação econômica que desde o ano passado ajuda a aumentar a aprovação do presidente.

A grande questão agora é saber se e quando o apoio a Fox será transferido a Felipe Calderón, o candidato do governista Partido da Ação Nacional (PAN) nas eleições presidenciais de julho. Nas pesquisas eleitorais, Calderón aparece com 31% de intenções de voto, atrás de Andrés Manuel López Obrador, o esquerdista do Partido da Revolução Democrática (PRD), que tem 36%, e empatado com Roberto Madrazo, o candidato do PRI.

Aproveitando a dianteira nas pesquisas, López Obrador diz que participará de apenas um dos quatro debates televisionados nacionalmente. Por isso, é atacado por Madrazo, para quem López Obrador estaria "com medo de não ser capaz de defender suas idéias". "Quando se olha para as suas propostas, encontram-se enormes contradições", acusa Madrazo.