Título: Ataque em região tribal paquistanesa deixa 45 mortos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2006, Internacional, p. A12

Segundo o Exército, os mortos eram na maioria militantes islâmicos árabes e da Ásia Central

MIRANSHAH, PAQUISTÃO

Soldados e helicópteros do Paquistão atacaram ontem um local suspeito de ser um acampamento da Al-Qaeda no Waziristão do Norte matando mais de 45 militantes, disseram fontes das Forças Armadas e do governo.

O ataque enfureceu as tribos locais, que declararam uma guerra santa dias antes da chegada do presidente americano, George W. Bush, ao Paquistão.

A ofensiva foi lançada em Danda Saigai, um povoado ao norte da cidade de Miranshah, no Waziristão do Norte - uma região controlada por tribos independentes que estariam dando refúgio a militantes da Al-Qaeda e do deposto movimento integrista islâmico afegão Taleban.

Três helicópteros atacaram o acampamento. Entre os mortos - na maioria militantes de países árabes e da Ásia Central - havia um comandante checheno ligado à Al-Qaeda e conhecido pelo nome de guerra de Iman, disse uma fonte militar. Segundo a fonte, o comandante checheno foi o autor intelectual da maioria dos ataques contra as forças de segurança paquistanesas na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão.

O ataque foi lançado após o Exército receber informações do serviço de inteligência afegão de que um grupo de militantes havia entrado no território através da província afegã de Khost. Uma testemunha em Danda Saigai disse que viu os helicópteros dispararem contra várias casas do povoado onde havia mulheres e crianças.

A guerra contra o terrorismo freqüentemente tem causado a morte de civis paquistaneses, como quando os EUA invadiram o território paquistanês no início de janeiro e lançaram um ataque aéreo ao povoado de Bajaur. O ataque matou 18 pessoas, provocou a ira na região tribal e a indignação do governo paquistanês, que exigiu desculpas dos EUA. O Paquistão, que sofre intensa pressão para que atue com mais firmeza contra os militantes, enviou 80 mil soldados para a fronteira com o Afeganistão para impedir a passagem de militantes.