Título: O caso
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2006, Internacional, p. A10

PRISÃO - Depois da tomada de Bagdá pelos americanos, em março de 2003, Saddam Hussein permaneceu escondido por meses no interior do Iraque. Foi preso em dezembro desse ano num vilarejo na região de Tikrit, no norte do país. Segundo os americanos, Saddam estava escondido numa cova. Ele continua sob custódia das forças de ocupação americanas numa base militar nos arredores de Bagdá e é levado à corte, no centro da capital, nas audiências do julgamento.

ACUSAÇÕES - Não existe um número definitivo de quantas pessoas foram executadas pelo regime de Saddam. Estimativas conservadoras de organizações não-governamentais de direitos humanos colocam a média de mortes anuais entre 5 mil e 10 mil nos 24 anos em que esteve na presidência. As acusações preliminares contra o ex-ditador incluem a matança de milhares de curdos nos anos 80 - incluindo ataques com gás -, execução de rivais políticos, a invasão do Kuwait (1990) e a repressão à insurreição xiita de 1991. A pena máxima para os crimes é a morte por enforcamento.

ASSESSORES - Além de Saddam, no banco dos réus estão 11 de seus assessores, incluindo Ali Hassan al-Majid, conhecido como Ali Químico, ex-conselheiro presidencial, acusado de atrocidades contra os curdos, e Taha Yassin Ramadan, ex-vice-presidente, que exilados dizem ter sido responsável por matanças de curdos e pela repressão da rebelião xiita no sul do Iraque, após a Guerra do Golfo (1991).

TRIBUNAL - O Julgamento começou em 19 de outubro, numa corte no centro de Bagdá, sob forte esquema de segurança. Sob orientação dos EUA, o governo provisório iraquiano instituiu um tribunal especial para julgar Saddam e assessores. Por enquanto, Saddam e 7 de seus 11 principais colaboradores, estão sendo julgados apenas pelo massacre de 148 xiitas de Dujail, no qual são acusados de crime contra a humanidade. A promotoria começou por Dujail porque era o que reunia mais provas. Em outros processos ainda estão sendo recolhidos dados