Título: Serraglio finalmente terá acesso a extratos de Duda
Autor: Diego Escosteguy
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2006, Nacional, p. A4

Reunião com diretor de Recuperação de Ativos vai acertar os detalhes

O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), deve se reunir hoje com o diretor do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), Antenor Madruga, para definir como será o acesso aos dados da quebra do sigilo bancário do publicitário Duda Mendonça nos Estados Unidos. Após analisar os documentos, a CPI quer marcar para o dia 15 deste mês novo depoimento do publicitário.

Será a primeira vez que integrantes da CPI terão acesso formal à papelada, que foi enviada pela Promotoria de Nova York há três meses para o Brasil. Os documentos já foram analisados pelo Ministério Público e pela Polícia Federal e registram a movimentação da conta Dusseldorf no BankBoston de Miami, cujo titular é Duda Mendonça.

Apenas na semana passada, a CPI dos Correios obteve autorização da Justiça norte-americana para ter acesso aos documentos.

A fim de evitar vazamentos, o comando da comissão decidiu que apenas dois técnicos e quatro parlamentares poderão manusear os papéis: os relatores-adjuntos Eduardo Paes (PSDB-RJ) e Maurício Rands (PT-PE), além de Osmar Serraglio e do presidente da comissão, Delcídio Amaral (PT-MS). "A reunião com o diretor do DRCI é mais para planejar como será nosso acesso aos documentos", explicou Rands ontem.

Serraglio pretende entregar seu relatório final no dia 21. A Dusseldorf é uma offshore cuja conta foi aberta pelo publicitário por orientação do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, segundo relato de Duda à CPI, em agosto do ano passado. A conta foi usada para receber R$ 10,5 milhões como parte do pagamento dos serviços que o publicitário prestou ao PT nacional na campanha de 2002.

As análises feitas pelo DRCI já detectaram que a Dusseldorf foi alimentada por, pelo menos, seis outras contas, das quais três de empresas ligadas ao Banco Rural. Os extratos também indicam que a Dusseldorf transferiu US$ 1,13 milhão para três outras contas. Duas delas pertencem às offshores Strongbox e Raspberry. Ambas têm sede nas Bahamas (Caribe), como a Dusseldorf, e um mesmo número de caixa postal como referência.

Antes do depoimento de Duda, a CPI dos Correios pretende ouvir o ex-assessor especial da Casa Civil Marcelo Sereno, no dia 7 ou 8, e o economista Lúcio Bolonha Funaro, ex-dono da corretora Guaranhuns, que repassou recursos para o PL. Os integrantes da comissão querem saber os detalhes da relação de Sereno com os fundos de pensão de empresas estatais, que tiveram prejuízos de mais de R$ 700 milhões nos últimos cinco anos.

Apesar de nove depoimentos marcados para hoje nas sub-relatorias da CPI, nenhum está sendo considerado relevante nem deverá atrair as atenções da maioria dos integrantes da comissão. Entre os convidados estão o diretor da Corretora São Paulo, Jorge Ribeiro dos Santos, e representantes dos conselhos deliberativo e fiscal do fundo de pensão do Banco do Brasil (Previ), Gilberto Audelino Corrêa e Luiz Carlos Siqueira Aguiar.