Título: UE fará campanha para evitar pânico com a gripe aviária
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2006, Vida&, p. A12

França confirma que perus de granja foram infectados pelo vírus H5N1

À Europa não resta alternativa senão acostumar-se com focos de infecção de aves pelo vírus H5N1. "Aprendam a conviver com a gripe aviária", aconselhou ontem Markos Kyprianou, comissário de Saúde da União Européia (UE). Em sua avaliação, a doença está tão disseminada que ela vai fazer parte do dia-a-dia dos europeus, mas o bloco formado por 25 países do continente tem experiência e já delineou medidas adequadas para conter os focos da doença, assim que surgirem, e será capaz, no final das contas, de eliminá-la por completo. Mas isso vai tomar algum tempo.

As palavras tranqüilizadoras de Kyprianou foram ditas em palestra durante encontro informal dos ministros da Saúde da UE. "Tanto nós (as autoridades) quanto o público europeu devemos aprender a viver com esse problema. Não há razão para pânico, mesmo que tenhamos casos em granjas ou entre aves domésticas." Para tentar acalmar a opinião pública, os ministros comeram, diante das câmeras, muita almôndega de peru, coxa de galinha, ovo de codorna e peito de pato.

O esforço gastronômico de propaganda para convencer os consumidores que é seguro ingerir tais alimentos ocorreu pouco depois de a França confirmar que milhares de perus de uma granja industrial morreram por causa de gripe aviária decorrente de infecção por H5N1, a variante mais letal.

Indiferente ao gesto, o Japão baniu a importação de produtos avícolas franceses. A França mantém 200 mil granjas e cria 900 milhões de aves todos os anos. Em 2004, último ano com dados disponíveis, a indústria avícola francesa faturou US$ 3,6 bilhões, mais de 20% da receita do setor na UE.

As autoridades vão definir em março uma campanha de esclarecimento na mídia. "Diferentes situações na UE conduziram a coberturas de mídia diferentes, o que criou uma certa confusão", admitiu o comissário de Saúde do bloco.

Não há ocorrências de gripe aviária entre humanos na Europa, mas Kyprianou quer iniciar o debate sobre a constituição de um estoque comum de antivirais. Na Alemanha, foram notificados focos em dois outros Estados, além da ilha de Ruegen, no Mar Báltico. A Geórgia localizou dez cisnes mortos por gripe aviária, mas não sabe ainda se trata-se do H5N1. Na Índia, exames em nove pessoas com suspeita de ter contraído a gripe descartaram infecção por H5N1. A Coréia do Sul anunciou ontem que quatro pessoas contaminadas por H5N1 entre 2003 e 2004 não desenvolveram a doença.