Título: Líder filipina declara estado de emergência
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2006, Internacional, p. A9

Apesar da proibição de manifestações por causa de frustrada tentativa de golpe, marcha em Manila exige que presidente Gloria Arroyo renuncie

MANILA

A presidente filipina, Gloria Macapagal Arroyo, declarou ontem estado de emergência, um dia após o Exército anunciar que tinha impedido uma tentativa de golpe de Estado. Apesar da proibição de manifestações, a ex-presidente Corazón Aquino liderou uma marcha de 5 mil pessoas em Manila pedindo a renúncia de Arroyo. A polícia dispersou a marcha com jatos d'água.

A ameaça de golpe contra Arroyo, que sobreviveu a uma crise no ano passado por causa de acusações de fraude eleitoral e corrupção, ocorreu na semana de aniversário da revolta popular de 1986 que depôs o ditador Ferdinand Marcos. Autoridades temiam que as marchas para lembrar a revolta popular fossem usadas para depor Arroyo.

Um general do Exército, Danilo Lim, foi preso, enquanto outro militar de alto escalão estava sendo procurado. Os dois foram acusados de liderar a tentativa de golpe. O Exército identificou outros 14 militares que estariam envolvidos no complô. O general Lim esteve implicado em 1989 em uma tentativa de golpe de Estado contra a presidente Aquino, mas foi perdoado por ela. A presidente, que chegou ao poder após uma revolta popular em 2001 e evitou uma tentativa de golpe em julho de 2003, ordenou o aumento da segurança e barricadas foram armadas em volta do palácio presidencial para evitar que seus opositores tentassem invadi-lo. Arroyo disse que a oposição política, com elementos extremistas da política de direita e esquerda, estão determinados a derrubar seu governo eleito democraticamente.

"Este é meu aviso aos que ameaçam meu governo: sua traição será castigada com todo o peso da lei", disse Arroyo na TV. O estado de emergência foi duramente criticado no país, que viveu décadas de ditadura sob Marcos.

Seu secretário da presidência, Michael Defensor, disse que não havia sido declarado o toque de recolher, mas que as manifestações estavam proibidas e as prisões sem ordem judicial tinham sido autorizadas, assim como a intervenção do Exército e a tomada pelo governo de instalações de segurança nacional e dos meios de comunicação. Os aliados de Arroyo acusaram, entre outros, o ex-presidente Joseph Estrada de ter financiado a tentativa de golpe. Estrada ironizou as acusações, lembrando que está há cinco anos sob prisão domiciliar. "Como vou financiar um golpe se não tenho trabalho", disse Estrada.