Título: CNBB quer que participação de católicos vá além do voto
Autor: Roldão Arruda
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2006, Nacional, p. A6

Cartilha trará orientações para eleição deste ano com ênfase nas questões sobre financiamento de campanha

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) quer ver os católicos envolvidos de forma mais ativa na vida política. Isso não significa necessariamente o envolvimento com partidos ou disputa de cargos públicos. O que os bispos desejam é, sobretudo, que os católicos votem de maneira mais consciente, analisando os programas de cada candidato e repudiando os corruptos - desde os mais grosseiros, que oferecem transporte e churrasco para eleitores no dia da eleição, aos que se envolvem com o uso irregular de recursos de campanha, no chamado esquema do caixa 2.

Para os bispos, também é importante que os católicos compreendam que o processo eleitoral não acaba com as votações: ele deve continuar com a fiscalização dos eleitos.

São essas as diretrizes que vão nortear a comissão encarregada pelo Conselho Permanente da CNBB de preparar uma cartilha com orientações para as eleições deste ano. Como em anos anteriores, o texto dará ênfase à necessidade de rejeitar os corruptos. A diferença deverá ficar por conta das questões relacionadas a irregularidades no financiamento de campanhas.

De acordo com o secretário-geral da CNBB, d. Odilo Scherer, a esperança dos bispos é que o destaque dado aos casos de corrupção eleitoral em 2005, com os debates nas CPIs e a intensa cobertura da mídia, contribua para o amadurecimento eleitoral do País.

"Esperamos que o trabalho da CPI e da mídia em torno do uso irregular de recursos do processo eleitoral ajude o eleitor a refletir mais e leve ao maior amadurecimento do processo político", disse o bispo. "O eleitor deve usar seu voto para ajudar o Brasil a melhorar, a crescer. E quanto mais limpo for o processo eleitoral, melhor será para a sociedade."

D. Odilo ressalvou que até agora só foram definidas as diretrizes gerais do texto de orientação para os eleitores e que ainda é cedo para dizer como ele ficará. Adiantou, no entanto, que o objetivo é oferecer referências aos católicos para que possam debater com os candidatos, levando até eles as preocupações da Igreja e das comunidades. "Queremos que os leigos católicos ocupem o seu espaço, exercitando-se em todos os espaços políticos, o que é muito importante para a construção do bem comum."