Título: Tasso quer resposta de Serra na quinta
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2006, Nacional, p. A5

Presidente do PSDB espera ouvir que prefeito disputará Planalto

O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), espera ter uma conversa definitiva com o prefeito de São Paulo, José Serra, na próxima quinta-feira, para saber se ele quer ou não disputar a sucessão presidencial. Caso o prefeito deixe claro que está disposto a correr todos os riscos, independentemente de sua posição nas pesquisas eleitorais, Tasso vai enfrentar outro desafio: conseguir o apoio integral do partido ao nome de Serra, atendendo à principal precondição dele para aceitar entrar no páreo.

Tasso espera ouvir de Serra que ele está disposto a entrar na disputa em qualquer circunstância, sem depender apenas da vontade do partido. O governador Geraldo Alckmin (SP) assumiu claramente sua pré-candidatura. Serra explicitou sua vontade a Tasso, ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e ao governador Aécio Neves (MG), mas sempre condicionou sua candidatura ao apoio amplo do partido.

Na avaliação geral, a situação de Serra é delicada, uma vez que ainda tem três anos de mandato e seria frontalmente atingido em caso de derrota em outubro. Na conversa que teve com Tasso na quarta-feira, Serra repetiu que não aceita disputar prévias e prometeu refletir sobre o seu destino durante o carnaval. Aliados pretendem deixá-lo à vontade para chegar à sua decisão pessoal no feriado.

Apesar do tom conciliatório adotado nos últimos dias por Alckmin, aliados de Serra avaliam que alguns defensores do governador estariam "pisando na bola" e radicalizando posições. Diante do temor de que a divisão interna se acirre, as bancadas tucanas na Câmara e no Senado resolveram pedir pressa a Tasso.

Os parlamentares querem que o nome do candidato à sucessão presidencial seja anunciado, no máximo, até 15 de março. Mas o próprio Tasso já mostrou impaciência e espera concluir o processo até 10 de março. Por conta do calendário eleitoral, o PSDB já estaria em desvantagem, uma vez que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode fazer sua campanha à reeleição sem se afastar do cargo.

Mais do que marcar uma data-limite, o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA), entende que o mais importante é unir o partido em torno de um objetivo claro: derrotar Lula. Esse é o argumento mais forte que vem sendo usado para tentar obter a unidade entre os dois grupos do PSDB. "O desejo de vitória e a necessidade de tirar o presidente Lula do poder criam ambiente favorável à coesão", disse o líder.