Título: Demanda interna fraca compromete resultado
Autor: Fernando Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2006, Economia & Negócios, p. B5

Da expansão de 2,3%, 1,4 ponto veio da área doméstica

O enfraquecimento da demanda interna, provocado principalmente pela queda nos investimentos, explica o fraco desempenho da economia brasileira em 2005. A demanda externa, por sua vez, continuo a puxar a economia no ano passado, embora a um ritmo um pouco menor do que o de 2004.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do crescimento de 2,3% de 2005, 1,4 ponto porcentual veio da contribuição da demanda interna, e 0,9 da externa. Em 2004, a contribuição da demanda interna foi de 3,8 pontos porcentuais, e a da externa de 1,1.

A demanda externa é a diferença entre as exportações, que aumentam a produção nacional, e as importações, pelas quais a demanda nacional é suprida por produção externa. Em 2004, as exportações tiveram uma expansão de 18%, e as importações de 11,6%. Em 2005, o ritmo de ambas caiu, para respectivamente 14,3% e 9,5%. O saldo positivo entre exportações e importações, que é o que interessa em termos do PIB, também caiu.

A demanda interna, por sua vez, ficou fortemente dependente do consumo das famílias em 2005, já que os investimentos despencaram por causa das altas taxas de juros, e o consumo do governo teve um comportamento morno. Empurradas pelo aumento da massa salarial e do crédito, as famílias tiveram no quarto trimestre o nono aumento seguido em relação ao mesmo período do ano anterior, registrando alta de 3,4%.

REVISÃO

Ontem, o IBGE divulgou a revisão do resultado do PIB do terceiro trimestre de 2005, que veio bem abaixo das expectativas de mercado, e levou a polêmicas sobre a metodologia da instituição. A queda de 1,2%, na comparação com o trimestre anterior, livre de influências sazonais, foi corrigida para 0,9%.

A mudança, porém, não foi significativa, e não teve impacto expressivo no resultado do ano - o crescimento de 2,3% do PIB em 2005 veio bem em linha com as previsões.

Segundo Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais do IBGE, a revisão foi totalmente rotineira. Ele explicou que o método de dessazonalização exige que se façam previsões sobre o resultado de trimestres futuros. À medida que os números efetivos são apurados, aqueles dados vão sendo substituídos, levando às revisões.