Título: Indústria começa 2006 com reação
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2006, Economia & Negócios, p. B6

Copa do Mundo e eleições devem ajudar a estimular o consumo

O ritmo de atividade da indústria neste primeiro bimestre já dá sinais de aceleração na produção, o que abre perspectivas para o crescimento da economia em 2006, depois do fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado, cujo crescimento foi de apenas 2,3%. Copa do Mundo e eleições são as duas grandes apostas no maior consumo de bens e serviços neste ano.

A LG, fabricante de aparelhos eletroeletrônicos, por exemplo, deve fechar o bimestre com desempenho recorde para o período na venda de celulares voltados especialmente para o mercado doméstico.

De acordo com Carlos Melo, diretor da área de celulares da LG, a empresa vendeu 350 mil aparelhos em janeiro e deve fechar fevereiro com outros 300 mil vendidos, o que dá um total de 650 mil unidades. Esse número mostra um crescimento de 90% em relação ao primeiro bimestre de 2005 (340 mil ). "Nunca vendemos tanto no Brasil nesta época do ano", diz Melo. A LG produz celulares no País desde 1999.

No setor de embalagens de papelão ondulado, considerado um dos principais termômetros do ritmo de atividade econômica, as vendas cresceram 7,9% em janeiro, na comparação com igual período do ano passado. Foi o melhor janeiro dos últimos quatro anos, conforme a Associação Brasileira do Papelão Ondulado. As empresas do setor expediram 174,2 mil toneladas do produto, ante 161 mil em janeiro de 2004.

Entre os fabricantes de televisores, a expectativa é de bater todos os recordes de produção e vendas neste ano de Copa do Mundo. A Eletros, entidade que reúne as empresas do setor eletroeletrônico instaladas no País, estima que os brasileiros comprem 10,9 milhões de TVs este ano, 12% mais que em 2004, que detém o recorde de 9,8 milhões de aparelhos vendidos.

Os fabricantes do setor já sentiram o efeito Copa do Mundo nas encomendas do varejo. Na Semp Toshiba, um dos maiores fabricantes de televisores no País, a produção do mês passado bateu em 12% a de janeiro do ano passado.

A situação melhorou até mesmo para algumas empresas de setores que têm sofrido concorrência mais acirrada dos fabricantes estrangeiros, por causa da desvalorização do real ante o dólar e do contrabando, como é o caso de têxteis e confecções.

"O ano começou animado", diz Marcel Zelazni, presidente da Pasy Manufatura de Roupas e Lojas de Moda. "A perspectiva é que o inverno seja normal e o mercado volte a crescer, embalado pela Copa do Mundo e pelas eleições".

No setor de móveis, que também sofre efeitos desfavoráveis do câmbio na disputa do mercado externo, o clima também é de otimismo. A Indústria de Móveis Movelar, terceira maior fabricante de móveis no País em faturamento, por exemplo, está com a produção dos próximos 30 dias vendida.

"A sinalização é que teremos um ano melhor que 2005, principalmente porque o governo passou a incentivar a construção civil, os juros estão em queda e vai entrar mais dinheiro no mercado por causa das eleições", afirma Domingos Savio Rigoni, presidente da Movelar.

Além disso, a empresa, que atua no segmento de móveis para dormitórios, iniciou o ano com uma linha nova de produtos, diferentemente do ocorrido em 2005.

Rigoto conta que a meta da Movelar é crescer 20% no mercado interno este ano, em relação ao anterior. Para isso, abriu 70 novos postos de trabalho, que já estão sendo preenchidos para reforçar a produção. Até o mês passado, a empresa empregava 850 pessoas.