Título: Chefe de fiscais traficava diamantes
Autor: Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2006, Metrópole, p. C1

A Polícia Federal prendeu ontem seis pessoas na Operação Carbono, realizada em Minas, Mato Grosso e no Rio para combater um esquema "bilionário" de contrabando de pedras preciosas, principalmente diamantes, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e outros crimes. Um dos presos é o chefe do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em Minas, Luiz Eduardo Machado de Castro.

A investigação conjunta da PF, Ministério Público Federal (MPF) e Receita Federal concluiu que Castro utilizava-se do cargo para emitir ilegalmente para a quadrilha o Certificado Kimberley, que atesta a origem e a regularização para o comércio internacional de diamante bruto.

Os mandados de busca e apreensão, prisão temporária e seqüestro de bens foram requeridos pelo MPF e expedidos pela 4ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte. O chefe do DNPM foi preso em Coromandel, no oeste de Minas. Vinculada ao Ministério de Minas e Energia, a autarquia é responsável pelo fomento, controle e fiscalização das atividades de mineração no País.

O esquema envolvia empresários, contadores, doleiros, aliciadores e garimpeiros. "Eles adquiriam a pedra de forma clandestina e conseguiam esquentar a origem através do certificado falso", disse o delegado Alexandre Leão. Pessoas ligadas ao grupo também levavam para o exterior pedras em canetas e nos bolsos, sem que fossem descobertas nos aeroportos.

Cerca de 30 pessoas fariam parte da quadrilha, com base em Minas. A origem dos diamantes seriam garimpos ilegais de Mato Grosso, Rondônia, Minas e Rio. Há indícios de que algumas pedras eram trazidas de Serra Leoa, na África.

Em Belo Horizonte a empresária Vivianne Albertino Santos, apontada como uma das chefes, foi detida em seu apartamento, num prédio de luxo do bairro Sion. Também foram detidos o doleiro Daniel Carneiro Pires e a mulher, Patrícia Santos Magalhães - filha de Vivianne -, e Mateus Ribeiro da Silva. Na casa dele foram apreendidos US$ 250 mil em pedras preciosas, R$ 40 mil, documentos, 74 relógios e celulares. Leandro Márcio dos Santos foi preso em Búzios, no Rio.

Até o início da noite, quatro mandados de prisão não haviam sido cumpridos. Foram apreendidos pedras preciosas e documentos em 40 endereços.