Título: Dimas nega veracidade de lista à Polícia Federal
Autor: Expedito Filho e Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2006, Nacional, p. A6

Em cinco horas de depoimento à Polícia Federal, no Rio, o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo negou ontem ser autêntica a lista com políticos que teriam recebido doações de um caixa 2 eleitoral da estatal, mas confirmou que "conhece ou manteve contato" com vários de seus integrantes. Dimas também negou ter feito qualquer pagamento para políticos - inclusive para Roberto Jefferson (PTB) -, mas confirmou ter tido um encontro com o então deputado, em abril de 2005, conforme noticiado pelo Estado. Deu, porém, nova versão para o episódio, desmentindo o ex-parlamentar, que o acusara de oferecer R$ 1,5 milhão por mês ao PTB para ficar no cargo.

Dimas relatou que, de 1996 a 2002, manteve contatos com diversos políticos, entre eles o atual governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), em ação coordenada pela presidência de Furnas, para evitar a privatização da empresa. Ele também contou que é amigo de Aécio Cunha, conselheiro de Furnas e cujo avô fora companheiro de partido de seu próprio avô.

Da suposta listagem, o ex-diretor da estatal admitiu conhecer ou ter mantido relações também com Vadão Gomes, Medeiros (o pré-nome não é especificado), Luiz Carlos Santos, Aloysio Nunes Ferreira, Paulo Feijó, Márcio Fortes, Alexandre Santos, Francisco Dornelles, Roberto Jefferson, Danilo de Castro, Eduardo Azeredo, Dimas Fabiano Júnior, Anderson Adauto, Saraiva Felipe, Osmanio Pereira, Gil Pereira, Agostinho Patrus, Antonio Julio, Carlos Melles, Roberto Brant, Odelmo Leão, Gustavo Valadares, Romeu Anizio Jorge, Dilzon Melo, Maria Olivia, Andréa Neves, Inocêncio de Oliveira, Francisco Luiz Gomide, Ricardo Barros, João Pizzolatti e José Carlos Aleluia.

CARREIRA

O ex-dirigente de Furnas contou que realmente esteve com Jefferson em 2005, em Brasília, depois de ter sabido que o petebista queria uma conversa. Jefferson teria dito que seu cargo na empresa, de Engenharia, Planejamento e Construção, lhe fora oferecido. Disse que expôs a Jefferson que tradicionalmente o posto era ocupado por um funcionário de carreira de Furnas.

No fim da conversa, relatou, o petebista lhe disse que proporia ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que ele ficasse. O ex-dirigente também afirmou não ter conhecimento de qualquer reunião entre Jefferson e o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, sobre a nomeação, ou dos dois com o presidente Lula sobre o mesmo assunto.

O depoente também afirmou que Nilton Monteiro, apontado como "divulgador" da lista, telefonou para uma de suas secretárias três vezes, pedindo um encontro, mas ele não o atendeu. Em uma ligação, contou, Monteiro se mostrou agressivo, afirmou ser do PT e ameaçou pedir ao presidente Lula a demissão de Dimas.

Em seu último telefonema, segundo ele, Monteiro se disse representante da JP Engenharia e acabou atendido por um dos assistentes de Dimas, Osvaldo Cobra, que informou que o contrato da empresa com a estatal fora cancelado. Dimas também negou ter tido qualquer contato com Monteiro, inclusive no bar Mistura Fina, no Rio, com um advogado.