Título: Para Lula, queda do risco é efeito da seriedade da política econômica
Autor: Patrícia Campos Mello e Adriana Chiarini
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2006, Economia & Negócios, p. B1

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou ontem, no Benin, que a queda da taxa de risco do Brasil, para 226 pontos, é conseqüência da seriedade da sua política econômica. Lula afirmou ainda que pretende ver o País crescer de forma vigorosa nos próximos 20 anos e afastou a hipótese de interferência das eleições deste ano no rumos da economia e mesmo de alteração dessa trajetória pelo candidato que vier a vencer o pleito.

"Eu não acredito que quem quer que venha a governar o Brasil nos próximos dez anos faça qualquer loucura", declarou, com cuidado de informar que ainda não definiu se será candidato à reeleição. "Não há lugar para aventura fácil. O povo já se cansou de experiências malsucedidas", completou, referindo-se aos "milagres" que depois se tornaram pesadelos.

Conforme defendeu, a condução da política econômica com seriedade não abre espaços para "facilidades" ou "milagres", o que alimenta a sua certeza de que o processo eleitoral "não vai mexer" na política de sua equipe. Lula lembrou que, nesses três anos de mandato, enfrentou "tempestades e as leviandades das pessoas que fazem julgamentos precipitados" por conta de sua decisão de não mudar os rumos. Ele destacou que poderia passar por "um, dois, três e até quatro" processos eleitorais sem recair na tentação de mudar a trajetória que prevalece na economia.

"Não há lugar para futilidade. Vamos fazer aquilo que temos consciência de que devemos e podemos fazer, sem prejuízo para os que venham depois", acrescentou o presidente. A queda da taxa de risco país foi atribuída mais pontualmente pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, à decisão do Tesouro Nacional de recomprar títulos da dívida externa brasileira.

Para Lula, essa notícia reforça o acerto da política externa, que aumentou a confiança na capacidade de o Brasil cumprir seus compromissos. Confirme assegurou, assim como é regra em sua própria casa, o Brasil não vai gastar mais do que pode, mesmo neste ano eleitoral.

"Estamos cientes de que a política econômica tem consistência e vai permitir que o Brasil se torne um país desenvolvido e tenha um ciclo duradouro de crescimento", afirmou. "Obviamente que estamos em tendência de redução da taxa de juros, estamos com a inflação controlada e vamos ter um crescimento exitoso, vigoroso este ano.