Título: 'Grau de investimento é evolução natural'
Autor: Patrícia Campos Mello e Adriana Chiarini
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2006, Economia & Negócios, p. B1

O início do programa de recompra de títulos da dívida externa brasileira é fundamental para produzir um efeito positivo para a queda do risco Brasil, critério que mede a confiança dos investidores no País. A avaliação foi feita ontem pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que está em Moscou para participar hoje da reunião do G-8, grupo das oito maiores economias do mundo. "Será muito importante para a economia brasileira", afirmou Palocci.

Na quinta-feira, o Tesouro Nacional e o Banco Central (BC) anunciaram a recompra de US$ 2,3 bilhões de títulos. Um dos efeitos da medida será a redução do tamanho da dívida externa, além do alongamento no prazo de pagamento dos papéis. "O alongamento da nossa dívida tem tido evoluções muito boas", comentou o ministro.

Palocci indicou que a evolução do Brasil para o chamado "grau de investimento", conferido pelas agências de avaliação de risco, será agora "natural". Ele negou que a demora na obtenção desse grau esteja relacionada à crise política. Assessores do presidente do BC, Henrique Meirelles, não escondem, no entanto, que as denúncias de corrupção têm influência.

Para o ministro, o Brasil se beneficia de um conjunto de fatores que poucas vezes se viu no passado, como a situação das contas externas, o controle de inflação e evolução fiscal. "Isso não existiu nos últimos 30 anos", afirmou. "Acabou aquela situação de idas e vindas da economia. Essa é a melhor notícia que o Brasil tem, porque era a pior coisa que havia para os investidores, pequenos ou grandes. Era muito difícil planejar investimento de longo prazo e hoje o Brasil superou essa etapa. Se houver problema na economia mundial, o País não vai sofrer, como ocorreu no passado."

Segundo o ministro, o grau de investimento só será atingido se o próximo governo mantiver a atual política econômica, seja do PT ou da oposição. "O Brasil está ganhando o jogo econômico", disse Palocci.

Ele também garantiu que permanecerá ministro até o fim do governo, mas não indica que vai se manter no cargo em caso de vitória de Lula. 'Se vou ser ministro ou não, essa não é a questão importante. O que é relevante é se a política será mantida."