Título: Debate sobre TV digital deve incluir indútria, diz Furlan
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2006, Economia & Negócios, p. B9

A escolha do modelo de TV digital para o Brasil deve observar questões relacionadas a mudanças no parque produtivo do País e na sua capacidade de exportação. Essa é a posição do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, nesse debate. Com o cuidado de não indicar preferência por nenhum dos modelos concorrentes - dos Estados Unidos, da União Européia e do Japão -, ele argumentou que o tema não deve ser analisado no governo apenas sob o ângulo do setor de telecomunicações, mas também de outros que serão afetados pela opção que será adotada.

Furlan informou que a Casa Civil da Presidência deverá promover na próxima semana uma reunião com todos os setores envolvidos - fabricantes de eletroeletrônicos, companhias de telefonia, redes de TV, instituições de pesquisa tecnológica e outros. As contrapartidas comerciais e tecnológicas das empresas e dos governos interessados no fornecimento desses modelos de TV digital ao Brasil também deverão ser levadas em conta. Ontem, Furlan não indicou pressa nenhuma na definição do padrão tecnológico.

"A adoção da TV digital no Brasil marcará uma mudança de paradigma de tecnologia. É meu dever olhar o assunto sob o prisma do desenvolvimento tecnológico, da produção brasileira e das exportações", afirmou.

Segundo ele, uma das mudanças com o uso da TV digital no País será o maior impulso na tendência de unificação, em um só produto eletroeletrônico, de várias funções hoje dispersas em diferentes aparelhos. Os produtos tenderão a se tornar interativos, o que deverá alterar as lógicas de produção, de venda e de publicidade.

Nas últimas semanas, o lobby dos fabricantes e dos governos americano, europeu e japonês se intensificou em Brasília. Também aumentou a pressão do ministro das Comunicações, Hélio Costa, em favor de uma decisão rápida e a indicação de sua preferência pelo modelo japonês, considerado mais eficiente pela TV Globo.