Título: Petrobrás anuncia parcerias com a Bolívia
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2006, Economia & Negócios, p. B12

A Petrobrás pôs em prática a estratégia de se associar ao governo boliviano e anunciou ontem estar negociando uma série de parcerias com a estatal local do setor de petróleo YPFB. Entre as medidas anunciadas estão cooperações nas áreas de refino, exploração, produção e distribuição de gás, além da retomada do projeto do pólo gás-químico binacional, orçado em US$ 1,3 bilhão, suspenso desde que o país vizinho aumentou os impostos sobre a produção do combustível.

A iniciativa é encarada no mercado como uma maneira de evitar maiores sanções do recém-empossado governo Evo Morales, que já anunciou a nacionalização das reservas de petróleo e gás bolivianas em mãos de multinacionais. Em nota distribuída ontem, o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli afirma que as negociações com autoridades bolivianas "confirma a possibilidade de entendimento entre as duas partes, de forma a encontrar caminhos para uma convivência mutuamente profícua, sustentável e duradoura".

Na Bolívia, as relações entre petroleiras e o governo estão estremecidas desde a aprovação, no ano passado, de lei que aumenta os impostos e nacionaliza as reservas. Para um executivo de companhia européia, a estratégia de aproximação com o governo local deverá ser seguida por todas as companhias. "Mas a Petrobrás tem tratamento privilegiado por sua importância na economia local."

A estatal brasileira é hoje a maior empresa daquele país, com negócios nas áreas de exploração e produção de petróleo e gás, operação de um importante gasoduto e controle de duas refinarias locais. O gás boliviano é hoje responsável por 50% do mercado brasileiro do combustível, o que levou o governo brasileiro a intervir na questão.

Segundo a nota divulgada ontem, Petrobrás e o governo boliviano vão criar grupos de trabalho para avaliar empreendimentos conjuntos. Em reunião com o ministro dos Hidrocarburos, Andrés Soliz Radas, e o presidente da YPFB, Jorge Alvarado, a direção da estatal brasileira se comprometeu a contribuir no desenvolvimento do mercado local de gás, a partir da experiência com a substituição de diesel e gasolina pelo combustível em veículos e com a intensificação do uso residencial.

A idéia é que os resultados dos trabalhos sejam ratificados ainda no final do mês, com uma visita do ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, e de Gabrielli à Bolívia. Participaram da reunião de ontem os diretores das áreas internacional e de gás e energia da estatal, Nestor Cerveró e Ildo Sauer, respectivamente.