Título: 'Uma euforia que durou pouco'
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/02/2006, Economia & Negócios, p. B4,5
"Foi uma esperança do povo brasileiro, uma euforia total, mas durou pouco." É com um misto de frustração e orgulho que Lúcia Pacífico Homem, 70 anos, hoje deputada estadual em Minas Gerais, se recorda dos agitados meses que se sucederam ao anúncio do Plano Cruzado, há quase duas décadas. Na época, ela já presidia o Movimento das Donas de Casa e Consumidores de Minas Gerais (MDC-MG) e se tornou nacionalmente conhecida como uma das mais atuantes "fiscais do Sarney". Chegou a se reunir duas vezes em Brasília com o então ministro da Fazenda Dílson Funaro, que lhe pedia empenho na orientação à população para evitar o desabastecimento de produtos. "A gente abordava as pessoas nos supermercados para não levar, mas eram carrinhos e mais carrinhos de compra. Ficou tudo muito barato." Antes do plano, ela lembra que "os preços subiam de manhã, de tarde e à noite e não conseguíamos controlar o orçamento doméstico". Para ela, foi a pressão política que contribuiu para que o plano não desse certo. Lúcia acredita que o oportunismo eleitoral do PMDB na época impediu os ajustes necessários. "Acho que a grande figura que administrou o plano até enquanto pôde foi o ministro Funaro."