Título: Casa Branca defende tratamento especial
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2006, Internacional, p. A10

O presidente George W. Bush prometeu ontem acabar com o status de pária da Índia na ordem nuclear global após mais de três décadas de isolamento ao oferecer ao país o acesso a tecnologia e combustível nucleares no mercado internacional. Mas o acordo enfrenta agora um grande obstáculo nos EUA, onde precisa ser aprovado pelo Congresso e pelos 45 membros do Grupo de Fornecimento Nuclear, um órgão internacional que regula a transferência de tecnologia nuclear.

Bush tem vários argumentos para defender a cooperação com a Índia. A economia indiana deve tornar-se uma das cinco maiores do mundo até 2020, segundo projeções. Caso a Índia desenvolva seu programa nuclear com ajuda dos EUA, poderá reduzir sua demanda por combustíveis fósseis e reduzir o preço do petróleo para os consumidores americanos. Mas esses pontos não acabam com as dúvidas de deputados que estão preocupados com a possibilidade de recompensar um país que se recusa a assinar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Os congressistas temem dar a mensagem errada à comunidade internacional. Índia, Paquistão e Israel têm atividades nucleares, mas nunca fizeram parte do tratado. A Coréia do Norte já foi signatária, mas depois saiu.

O subsecretário de Estado, Nicholas Burns, que viajou cinco vezes a Nova Délhi para negociar detalhes do acordo, disse que a Índia - ao contrário do Irã e da Coréia do Norte - mereceu tratamento especial dos EUA por seu compromisso com a democracia e as inspeções internacionais. "A Índia desenvolveu sozinha seu programa nos últimos 30 anos, por isso, foi isolada. A pergunta é: seria melhor manter a Índia no isolamento ou trazê-la para a comunidade internacional? O presidente prefere a segunda (opção)."