Título: CNBB: Lula é o mais submisso a banqueiros
Autor: Biaggio Talento
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2006, Nacional, p. A8

Presidente da entidade reforça crítica de secretário-geral e diz que "nenhum banco foi à falência" no atual governo

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal-arcebispo d. Geraldo Majella Agnelo, qualificou o governo Lula como o "mais submisso" aos banqueiros na história do País. "Acho que nunca houve governo tão submisso às condições impostas pelos credores como esse", declarou ontem em Salvador, acrescentando que "nenhum banco foi à falência" neste governo.

D. Geraldo é o segundo dirigente da CNBB a criticar o governo esta semana, no lançamento da campanha da fraternidade. Anteontem, o secretário-geral, d. Odilo Scherer, disse que Lula transformou o Brasil num "paraíso financeiro". Também o cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Cláudio Hummes, fez críticas ao presidente e classificou o pífio crescimento do PIB no ano passado de uma "surpresa desagradável".

D. Geraldo garantiu que a CNBB não faz oposição ao Planalto, mas apenas chama a atenção para os problemas do Brasil, principalmente na área social. Ele aproveitou a resposta de assessores de Lula (que disseram que a CNBB devia se preocupar em cuidar do caso do padre José Pinto, afastado da Igreja da Lapinha) para atacar o principal programa social do governo, o Bolsa Família.

"Estamos preocupados com o padre Pinto, queremos o bem dele, mas queremos também que os governantes se preocupem e não queiram a desgraça de ninguém, pois as pessoas têm direito a uma vida digna e justa, que cada um participe, não seja um parasita e receba dinheiro para não fazer nada", disse. O presidente da CNBB acha que o Bolsa Família é assistencialista.

"Quem está com fome deve receber seu alimento e não ser estimulado a não fazer nada, ganhando R$ 60, R$ 80 por mês. Dê trabalho para todos", pregou, assinalando que "não pode louvar" programas se forem "politicalha para ganhar votos".

Apesar das críticas, d. Geraldo disse não poder pensar "que Lula não queira bem ao Brasil, já que vem da pobreza, mas é preciso mudar a política econômica".