Título: Duda recebeu mais do que declarou
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2006, Nacional, p. A5

CPI descobre que conta do publicitário nos EUA teve depósitos de mais de R$ 11 milhões e não de R$ 10,5 milhões

Integrantes da CPI dos Correios descobriram ontem que o publicitário Duda Mendonça recebeu mais de R$ 11 milhões na conta Dusseldorf , nos Estados Unidos. Foram depositados cerca de US$ 300 mil (R$ 640 mil) além dos R$ 10,5 milhões que o publicitário afirmou, em depoimento à CPI, em agosto do ano passado, ter recebido do empresário Marcos Valério como parte do pagamento pela campanha nacional do PT de 2002. Três integrantes da CPI tiveram acesso ontem, pela primeira vez, aos documentos enviados pela Justiça norte-americana com a quebra do sigilo bancário de Duda Mendonça.

Em uma análise preliminar, a comissão também detectou que a conta Dusseldorf foi aberta em fevereiro de 2003, antes da data que o publicitário declarou à CPI. No depoimento de agosto passado, Duda disse que a conta foi aberta a pedido de Marcos Valério a fim de receber parte do que foi pago pela campanha petista de 2002. A Dusseldorf foi abastecida por 15 contas de oito instituições bancárias.

"Há uma discrepância entre o que Duda falou e os documentos resultantes da quebra de sigilo da Dusseldorf", afirmou ontem o relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). "Existe a forte suspeita de que ele não tenha falado a verdade", completou. Para o relator-adjunto da CPI dos Correios, deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), não há dúvidas de que Duda Mendonça mentiu em seu depoimento. "O Duda não falou a verdade. A conta Dusseldorf já existia e o valor que ele deu não é o mesmo que aparece nos documentos. Essas mentiras vão ter de ser desfeitas quando ele vier depor novamente", disse Paes.

O novo depoimento de Duda Mendonça deve ser marcado para dia 15 deste mês.

Na sexta-feira da próxima semana, Osmar Serraglio pretende fazer um relatório parcial sobre a análise dos documentos com a quebra do sigilo de Duda Mendonça. O relatório será feito em conjunto com técnicos do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça, onde estão os documentos - que só são acessíveis para Serraglio e outros três integrantes da CPI.

O relator confirmou que pretende apresentar seu relatório final dia 21. Disse ainda que concorda com uma eventual prorrogação da CPI dos Correios. "Se houver um movimento para prorrogar a CPI, eu concordo", observou Serraglio. "Sou um soldado e quero avançar mais. Vão existir coisas que ficarão sem terminar e eu seria um louco se dissesse que tem de concluir logo a CPI. Mas este é um ano eleitoral e não é aconselhável ter a prorrogação."