Título: Comissão apura transações da Red Star
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2006, Nacional, p. A4

Há pelo menos três operações suspeitas entre empresa ligada a Okamotto e PT

Ligada ao presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, a empresa Red Star Ltda. virou alvo das CPIs dos Bingos e dos Correios. Em rastreamento sigiloso produzido pelas duas comissões e obtido pelo Estado, os técnicos identificaram pelo menos três transações consideradas suspeitas entre a Red Star e o PT.

As justificativas dadas à reportagem pelas duas pontas das operações são discrepantes. A Red Star, que vende artigos e bijuterias do partido, pertencia a Okamotto até junho de 2003, quando ele a passou para o nome da mulher e da filha.

O levantamento dos peritos foi possível graças aos dados bancários do PT, que estão em poder da CPI dos Correios. Segundo relatório do Coaf, órgão do Ministério da Fazenda de combate à lavagem de dinheiro, enviado à CPI dos Bingos, Okamotto apresenta R$ 93 mil em operações "atípicas" entre maio de 2002 e maio de 2004.

As transações, que sugerem operação de lavagem de dinheiro, ocorreram no começo de dezembro de 2004, logo após as campanhas municipais. No dia 1º de dezembro, a Red Star fez dois depósitos em dinheiro numa das contas do PT no Banco do Brasil. As operações somam R$ 28.341,88, divididas em um depósito de R$ 18 mil e outro no valor restante.

No dia 10 de dezembro, o PT emitiu um cheque no valor de R$ 23.750 em favor da Red Star. Chamou a atenção dos técnicos o fato de a empresa depositar recursos e, logo depois, receber valor semelhante.

Os peritos também consideraram intrigante terem encontrado apenas essas operações da Red Star nas 15 contas do PT em poder da CPI dos Correios - até agora, a comissão não recebeu outras 13 contas do partido. Como o PT mantém contrato com a empresa para licenciamento de produtos do partido, os técnicos esperavam achar mais transações.

Amigo de Lula, Okamotto está sendo investigado pela CPI dos Bingos por ter quitado um dívida do presidente com o PT, no valor de R$ 29,4 mil. Ele afirmou à comissão que pagou o montante do próprio bolso e em dinheiro. A CPI suspeita que os recursos tenham saído do valerioduto ou de outro esquema de caixa 2 operado pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.

BONÉS

De acordo com a assessoria do PT, os depósitos feitos pela Red Star se referem à compra de 250 mil bonés do estoque do partido e pagamento de licenciamento à sigla pelas vendas da empresa em janeiro de 2004. A legenda disse também que o cheque em favor da empresa se refere à "confecção de 250 mil broches plásticos com o logo PT".

A assessoria de Okamotto, por sua vez, afirmou que um dos depósitos, de R$ 18 mil, se referia à compra de 10 mil bonés, e não 250 mil. Sobre o cheque recebido do PT, informou que tinha como objeto a venda de "brindes diversos, como buttons e estrelas".